O nono latrocínio ocorrido neste ano em Porto Alegre foi registrado por câmeras de segurança de um estacionamento próximo ao local. Gabryel Machado Delgado, de 20 anos, estudante de Marketing da Faculdade de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul (Fadergs), estava voltando da aula quando foi abordado por um ladrão na frente do prédio onde morava, na Avenida Pernambuco, perto da esquina com a Rua Ernesto da Fontoura, bairro São Geraldo, na Zona Norte, por volta das 22h40min.
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O aposentado Cesar Fernando Moraes, 58 anos, preparava o jantar para o enteado Gabryel Machado Delgado, 20, que chegaria em poucos minutos da faculdade na noite de terça-feira, quando ouviu um estampido de tiro. Ele olhou pela sacada do apartamento e viu um corpo ensanguentado caído no chão.
Perguntou para o vizinho quem era. Sem jeito para explicar, o vizinho disse que não sabia. Moraes resolveu descer para checar. Ao revirar o corpo, deparou-se com o enteado morto com um tiro na cabeça. Gabryel foi atingido em uma tentativa de assalto na esquina entre a Avenida Pernambuco e a Rua Ernesto Fontoura, no bairro São Geraldo, zona norte de Porto Alegre.
– Eu criei ele, fui pai e mãe. Eu lavava, passava, cozinhava, ele me ajudava a limpar a casa e dormia do meu lado desde que a mãe morreu – lamentou Moraes.
O jovem, estudante de Marketing, serviu o Exército por um ano, trabalhava em uma empresa de cobrança via telemarketing. Ele havia recebido uma promoção recentemente e planejava comprar um carro. A rotina de Gabryel era corrida. O período da manhã era dedicado ao trabalho. À tarde, praticava jiu jitsu e, à noite, cursava faculdade.
Apesar do curso que estudava, Gabryel sonhava em viajar para Dubai onde pretendia praticar a arte marcial. A paixão pelo esporte era tamanha que ele ainda dedicava as manhãs de sábado para ensinar Jiu Jitsu a crianças pobres de um projeto social no Centro.
– Ele dizia que não era professor, e sim alunos como todos eles – lembrou o padrasto.
A morte de Gabryel na porta de casa, que era como um filho de sangue, fez Moraes desacreditar na segurança pública.
– O que eu espero? Não acredito em mais nada, só em Deus. Talvez o dia que me provarem que vão prender e não vão soltar. Espero que o meu desabafo sirva para que eles comecem a tomar uma resolução já, não amanhã – desabafou.