O secretário estadual de Segurança Pública, Cézar Schirmer, confirmou que há um pedido formal para que o Exército auxilie a manutenção da ordem nas ruas de Caxias do Sul. Durante sua visita nesta segunda-feira, quando participou de reunião-almoço da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC), o secretário ainda prometeu resolver outras duas questões: a construção de uma Central Integrada de Alternativas Penais e a realização de revista geral nas duas principais casas penais da cidade, o que não ocorre desde 2011.
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Schirmer esteve no 3º Grupo de Artilharia Antiaérea (3º GAAAe) para aproximar a relação com o tenente-coronel Márcio Faccin de Alencar. O reforço do Exército nas ruas está autorizado e dependeria apenas de reuniões para definição de estratégia com a Brigada Militar (BM).
– Eles têm que sentar juntos e construir. A realidade de Caxias é diferente da Capital ou de Santa Maria. Há um pedido formal, meu e do governador Sartori, ao Comando Militar do Sul. É algo novo que precisa de um processo de adaptação. Minha convicção é de que Caxias do Sul será a primeira cidade (do interior) a receber.
Questionado sobre a Central Integrada de Alternativas Penais, iniciativa inédita de juízes caxienses em parceria com a Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe) e aprovado pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen), o secretário afirmou que o projeto não passou pela sua mão e que iria averiguar o que ocorreu. O projeto, que contaria com investimento federal de R$ 3 milhões, foi frustrado pela falta de resposta do Governo Estadual.
– Posso assegurar que vou rever esta posição que está errada. Se podemos trabalhar junto ao Governo Federal e ao Poder Judiciário, não tem sentido esta visão estreita e antiga sobre o sistema penitenciário. Tão logo seja possível, vou dar um retorno e entrar em contato com o juiz – afirma Schirmer.
Outra questão apontada como urgente pelo secretário foi a falta de um pente-fino nas casas prisionais da cidade – a última ocorreu em 23 março de 2011. São mais de 2.180 dias sem qualquer varredura em busca de celulares, drogas e armas, ou para detectar problemas estruturais nas duas principais casas da Serra, que estão superlotadas e com denúncias constantes de controle por facções criminosas.
– É uma obrigação da Susepe fazer revistas periódicas. Por isso que é bom ir até os municípios. Tenho andado muito justamente para receber informações. Esta era uma (reivindicação) que não tinha conhecimento e vou ver o que aconteceu, pois não se justifica. Será uma urgência. Garanto que também estamos trabalhando para levantar a interdição do (regime) semiaberto – aponta o secretário Schirmer.
Discurso forte na reunião-almoço
A participação do secretário estadual de Segurança Pública na CIC foi marcada por um discurso forte. Schirmer esbravejou que a nossa sociedade está em guerra, comparou o número de assassinatos no país com o conflito armado na Síria e reclamou da falta de fiscalização federal nas fronteiras do Rio Grande do Sul, o que alimenta a criminalidade com armas e drogas.
– Os números mostram que estamos em guerra. E estamos perdendo. São 60 mil mortos por ano, a maioria jovens. São circunstâncias inaceitáveis para um país que se diz civilizado. São mais vítimas do que na guerra da Síria, que ocupa todas as manchetes internacionais. É uma trágica realidade do Brasil – ressalta o secretário.
Em diversos momentos, Schirmer destacou que o momento é de integração e parcerias para superar a crise. Apesar de não apresentar novas ações de combate à criminalidade, principalmente para o interior do Estado, o discurso forte do secretário estadual agradou parte dos presentes na reunião-almoço. Em suas manifestações, empresários e vereadores afirmaram gostar do comprometimento do secretário de Segurança Pública.