Edilson Muller Carvalho, o Passarinho, completaria 38 anos nesta quinta-feira, mas, na noite de quarta, véspera do aniversário, foi confirmada sua morte de maneira inusitada para quem era considerado até então o procurado número um da Delegacia de Roubos, do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). Passarinho foi encontrado morto por afogamento no Rio Mampituba, em Passo de Torres (SC), próximo da divisa com o Rio Grande do Sul.
O caso ainda é apurado pela polícia catarinense, mas não foram encontradas marcas de violência no corpo de Passarinho. Com ele, foram encontradas munições e documentos falsos. Uma das hipóteses apuradas é de que ele tenha acabado no rio como resultado da sua última fuga extremamente violenta, e que resultou em um policial militar catarinense ferido.
Na última segunda-feira, em Balneário Gaivota (SC), ele seria um dos três homens que, em um carro, escaparam de uma abordagem de rotina da Polícia Militar, trocaram de carros duas vezes, fazendo seus motoristas reféns, até abandonarem o Space Fox que haviam roubado em Passo de Torres (SC), na área de uma antiga pedreira da cidade. Deixaram um fuzil 5.56 – usado para atirar contra os PMs – dentro do veículo. No início da perseguição, já haviam abandonado duas adolescentes, que estavam no primeiro carro com eles, e diversas munições.
Houve cerco na região, inclusive com o uso de helicóptero, mas nenhum dos suspeitos foi capturado.
A suspeita da polícia gaúcha é de que se tratava de Passarinho e seus comparsas. Eles teriam fugido para Santa Catarina no final do mês passado, quando a Delegacia de Roubos desencadeou a Operação Bird (batizada em função do líder do bando), que prendeu três comparsas e apreendeu 30 quilos de explosivos. Três integrantes do bando – Deyvid Possa, o Alemão, Henrique Azevedo de Andrade, o Rique, e Diego Alexandre Menezes Rios, o Guinimen –, além de Edilson Carvalho, o Passarinho, escaparam da ação policial.
– O Passarinho era o líder de um grupo extremamente violento. Cabia a ele organizar a logística, escolher os alvos e conseguir o armamento pesado para os ataques. Liderava um dos principais bandos responsáveis pelos ataques a bancos com reféns desde o ano passado no Estado – aponta o delegado Joel Wagner.
Preso em 2013, quando atacaria um carro-forte, Passarinho estava foragido desde agosto do ano passado. Em outubro, as ações violentas do grupo chamaram a atenção. Primeiro, contra o Bradesco, de Bom Retiro do Sul, no Vale do Taquari, quando moradores foram feitos reféns, depois, em Eldorado do Sul, na Região Metropolitana, quando um terminal do Banrisul da subprefeitura local foi atacado.
O grupo vinha sendo monitorado e, em novembro do passado, os agentes do Deic, ao impedirem um novo ataque, que aconteceria contra o Banco do Brasil, de Arroio dos Ratos, no Vale do Taquari, entraram em confronto. Um dos policiais ficou ferido.
– Há outros grupos agindo no Estado, é claro que os ataques não vão parar com a morte dele, mas certamente a criminalidade perde um articulador importante, com ligações que costumam aumentar o poder de estrago das suas ações – diz o delegado.
Facção criminosa
Criado no bairro Mario Quintana, na zona norte de Porto Alegre, Passarinho era considerado um dos homens de confiança do traficante José Dalvani Nunes Rodrigues, o Minhoca, um dos líderes de uma das principais facções criminosas da Região Metropolitana. Foi preso em agosto do ano passado no Paraguai.
A suspeita da polícia é de que os ataques a bancos promovidos pela quadrilha do Passarinho fossem uma importante fonte de receita da facção criminosa.
O Deic agora procura por informações que levem aos remanescentes da quadrilha. Entre eles está o Alemão, considerado um dos principais especialistas em explosivos na atividade criminosa do Rio Grande do Sul. Denúncias anônimas podem ser feitas pelo 0800-510 2828.