Estampidos de pistolas 9mm romperam o silêncio dentro do Hospital Municipal de Novo Hamburgo, onde um jovem de 20 anos foi executado no próprio leito às 8h24min desta quinta-feira. Wellington Jean Brito Bandeira estava com a companheira, quando dois criminosos usando bonés e armados chegaram e dispararam pelo menos 28 vezes, antes de virarem as costas e saírem por onde entraram: a porta principal da casa de saúde.
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A câmera de vigilância instalada na recepção do hospital flagrou a dupla chegando acompanhada de um comparsa às 8h23min. Um minuto depois, os dois saem correndo em direção à rua. A Polícia Civil irá utilizar essas imagens para tentar identificar os atiradores. Até o momento, ninguém foi preso.
Na rua, um Corolla preto os esperava para começar a fuga no veículo, encontrado ainda pela manhã na Rua Germano Friedrich, bairro Vila Nova. Conforme o delegado Enizaldo Plentz, titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa de Novo Hamburgo, Bandeira tem passagens pela polícia por roubo e homicídio, além de integrar uma facção com origem no Vale do Sinos especializada em roubo de carros e tráfico de drogas.
– Essa execução é resultado de uma briga entre duas facções no bairro Vicentina, em São Leopoldo, ocorrida sexta-feira. Um dos grupos veio se refugiar em Novo Hamburgo. Então, voltaram a se enfrentar na segunda-feira, aqui em Novo Hamburgo, onde o Wellington foi baleado. Acreditamos que tenha sido morto por esse grupo rival, que é de Porto Alegre – explicou o delegado.
Nos confrontos de sexta e segunda-feira, dois irmãos foram mortos e duas pessoas, baleadas, entre elas, Bandeira. O outro ferido a tiro chegou a dar entrada no Hospital Municipal de Novo Hamburgo, mas ganhou alta da casa de saúde.
– São todos integrantes desta facção aqui do Vale do Sinos. O outro grupo é de Porto Alegre – complementou Plentz.
Ação discreta
As imagens mostram os atiradores chegando discretamente. Um comparsa vai até o balcão de atendimento, mas logo volta e fica na frente da instituição. A polícia analisa se há mais pessoas envolvidas.
Segundo o secretário de Saúde de Novo Hamburgo, Antônio Fagan, os criminosos mostraram as armas para os porteiros, que "não tiveram alternativa a não ser deixar" a dupla entrar na casa de saúde.
– Não havia o que fazer. A ação foi muito rápida – defendeu.
Já nos corredores, os criminosos teriam pedido informações a pacientes e funcionários até chegarem ao quarto da vítima. Antes de disparar, conversaram com Bandeira para se certificar que era mesmo ele. A companheira da vítima, que estava no quarto, conseguiu escapar por uma janela sem ferimentos.
– Entraram de forma discreta, fizeram a execução e saíram de forma que não chamou muita atenção – finalizou o delegado.
Em nota, a Fundação de Saúde Pública de Novo Hamburgo (FSNH) disse que "está contribuindo com as investigações" e que "as visitas no Hospital Municipal estão canceladas no dia de hoje, 02". A diretora-presidente da FSNH, Cláudia Schenkel, garantiu que estão sendo feitas melhorias para melhorar a segurança do local, como colocação de um portão na entrada das ambulâncias e aumento do número de porteiros.