Aguardando a chegada da Força Nacional após o início das operações do Exército nas ruas de Vitória, na segunda-feira, a prefeitura de Vitória, no Espírito Santo, mobiliza guardas municipais para tentar conter a crise que afeta o Estado. De acordo com o secretário de Segurança Urbana da cidade, Fronzio Calheira Mota, os agentes concentram as ações em frente aos prédios públicos do município – inclusive como "retaguarda" em unidades de pronto-atendimento que recebem feridos pela onda de violência que afeta a região metropolitana de Vitória.
Reserva da Polícia Militar (PM) do Espírito Santo, Mota reconheceu que a greve policial "pegou todo mundo que trabalha na segurança de surpresa".
– Nunca vivenciamos um momento tão crítico quanto esse. Com baixos salários, havia uma solicitação (de reajuste), mas não houve nenhum fato anterior que indicasse esse nível de aprofundamento da reação da corporação. Já aconteceram, no passado, alguns fatos, mas sempre precedidos por movimentos menores. Dessa vez, foi uma paralisação de 100% do efetivo militar – afirmou Mora em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade.
Leia mais
Sem PMs nas ruas, ônibus não circulam e escolas não abrem no Espírito Santo
Forças Armadas já estão em Vitória para reforçar policiamento
#ESpedesocorro: a barbárie no Espírito Santo exposta nas redes sociais
Sem dar detalhes sobre a média salarial dos PMs do Espírito Santo, o secretário admitiu que há uma "defasagem" nos vencimentos dos militares. Responsável apenas pela administração da segurança municipal, Mota destacou, no entanto, que os salários estão sendo pagos em dia pelo governo estadual.
– Realmente, há uma defasagem. Durante alguns anos os salários não foram reajustados segundo a inflação. Então, de fato, o poder de compra dos policiais vem sendo depreciado.
Nesta terça-feira, ônibus seguem sem circular em Vitória pelo segundo dia consecutivo. Escolas, unidades de saúde e a maioria dos estabelecimentos comerciais também continuam fechados. O caos nas ruas capixabas iniciou depois que parentes de PMs trancaram a saída de pelo menos 11 batalhões de polícia em mais de 30 cidades do Estado, no sábado. Os familiares exigem reajuste salarial, pagamento de auxílio-alimentação, periculosidade, insalubridade e adicional noturno.
O Espírito Santo já acumula 65 assassinatos desde o início dos bloqueios. Apenas na segunda-feira, foram 32 homicídios na região metropolitana de Vitória, enquanto o interior do Estado acumulou oito mortes.