Não fosse por Porto Alegre, a Região Metropolitana teria encerrado 2016 com queda de 4,4% nos números de homicídios e latrocínios. Quem puxa a conta para baixo é o Vale do Sinos. Especialmente Novo Hamburgo, onde 54 pessoas foram mortas no ano passado – volume 36,5% inferior ao ocorrido em 2015. Nos municípios vizinhos, também houve queda. E se forem considerados só os dados de latrocínios (roubos com morte), a redução é ainda maior. Novo Hamburgo registrou dois casos em 2016 contra 14 no ano anterior – 85,7% menos.
– A palavra-chave dessa transformação ainda em andamento é integração. Passamos a tratar com dados e gestão de informações sobre a criminalidade que subsidiam decisões integradas entre Polícia Civil, Brigada Militar (BM) e órgãos do município – explica Eduardo Pazinato, o coordenador do núcleo de segurança cidadã da Faculdade de Direito de Santa Maria (Fadisma), que liderou, a partir de 2015, a criação do Observatório da Segurança de Novo Hamburgo.
Aproximação das comunidades gera resultado positivo em Novo Hamburgo
O grupo centraliza os serviços de segurança pública da cidade analisando dados da criminalidade, mapeados conforme o perfil das vítimas. Estas informações é que passaram a nortear as ações de policiamento – pela BM e Guarda Municipal – e sociais no município.
– Com este perfil da criminalidade, podemos perceber que três bairros (Santo Afonso, Canudos e Kephas) concentravam a maior parte dos homicídios e tentativas de homicídios. Centramos força ali. Não se trata de repressão, mas de aproximação das estruturas, levando serviços àquelas comunidades – explica Pazinato.
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O observatório começou a ser gestado em agosto de 2015 com investimento de R$ 446 mil vindos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O município também implementou o seu centro de monitoramento por câmeras e equipou a Guarda Municipal. Um gabinete de gestão integrada concentra essas estratégias. Hoje, 40 municípios possuem esse tipo de gabinete no Estado, inclusive Porto Alegre. Difícil é fazer o trabalho se tornar integrado, de fato.
– Nós temos os dados como base para intensificar nossas operações. Horas-extras, efetivos ampliados com a Operação Avante, tudo segue a lógica da criminalidade do município – garante o comandante do 3º Batalhão de Polícia Militar (BPM), major Adriano José Zanini, que reforça a importância da análise semanal das informações em parceria com a Polícia Civil.