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O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, afirmou nesta quarta-feira que o governo do Amazonas possuía informações sobre o plano de fuga em massa de presos, que se concretizou no início da semana após rebeliões que deixaram 60 mortos.
Segundo Moraes, mais de 200 criminosos fugiram após os tumultos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) e na Unidade Prisional do Puraquequara (UPP) , em Manaus.
– Há relatos de que a Secretaria da Segurança tinha informações de que poderia ocorrer uma fuga, de que estaria sendo planejada fuga entre o Natal e o Ano Novo. Exatamente por isso, segundo as autoridades locais, foi reforçada a segurança do local, e eles passaram a monitorar dia a dia – disse o ministro, após reunião com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármem Lúcia, em Brasília.
Moraes garante que o governo federal não foi informado com antecedência sobre a possibilidade de rebeliões, e por isso não enviou ajuda. O ministro não quis opinar se houve falha das autoridades do Amazonas em não impedir os atos criminosos, afirmou que irá aguardar o fim da investigação sobre o caso.
– Nunca ocorre algo assim por um único motivo. Isso ocorre igual quando um avião cai. Nunca é um único motivo, é uma somatória de fatores – argumentou Moraes. Para ele, até agora não está caracterizada nenhuma omissão no caso.
Os investigadores também se debruçam sobre as visitas no presídio no final de semana passado, na virada do ano. O movimento atípico pode ter favorecido o ingresso de armas nas celas e a mobilização para a fuga. Outra preocupação das autoridades de segurança é com a captura dos fugitivos. De acordo com Moraes, líderes de facções podem ter planejado o massacre a fim de deixarem o sistema prisional.
– Havia um planejamento de fuga, deve-se apurar se toda a confusão e as mortes passaram a ocorrer para que as lideranças pudessem fugir ou não – sustentou Moraes.
O ministro disse que as equipes de inteligência dos Estados e da União estão monitorando os presídios do país para evitar outros motins. Segundo ele, até agora não há informações de novos planos de fuga em massa, mas argumentou que "rebeliões surgem de repente".
O governo federal já disponibilizou ajuda ao governo do Amazonas, que inclui a possibilidade de envio de agentes da Força Nacional de Segurança e transferência de presos para unidades federais.
No encontro com Cármem Lúcia, Moraes repassou informações sobre a situação em Manaus, já que a ministra tem viagem marcada para a região nesta quinta.
Declaração polêmica
Em entrevista à Rádio CBN, o governador do Amazonas, José Melo (Pros), disse que "não havia nenhum santo" entre mortos no massacre.
O governador também afirmou que o problema das casas prisionais no Estado foi agravado, pois o número de presos praticamente dobrou desde que ele assumiu como chefe do Executivo estadual.