A consequência mais recente da escassez de vagas no presídios gaúchos é o bloqueio parcial de uma das principais vias de Porto Alegre: a Avenida Ipiranga. Em frente ao Palácio da Polícia, no sentido centro-bairro, oito presos sob custódia da Brigada Militar em sete viaturas – paradas sobre a faixa de rolamento e a calçada da Ipiranga – inviabilizavam o serviço de patrulha de 15 policiais às 16h.
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A ocupação de uma das três faixas da via pelos veículos da polícia gerou lentidão e curiosidade em quem trafegava pela área. Em razão do calor, alguns policiais optaram por abrir as portas onde estavam os detentos para ventilar as celas improvisadas. Conforme um policial, que preferiu não se identificar, dois presos estavam no local há três dias esperando transferência para o sistema prisional. Era consenso a insatisfação dos PMs.
– Isso aqui podia estar muito pior se prendêssemos quem precisa ser preso. A gente evita prender porque não tem mais onde colocar _ comentou.
Outro policial, que também pediu para ter sua identidade preservada, lamentou estar parado enquanto a criminalidade eclode nas periferias.
– Estou aqui e os caras se matando nos bairros.
Mais cedo, às 11h, oito viaturas estacionadas abrigavam três policiais do 1º Batalhão de Polícia Militar (BPM), quatro do Batalhão de Operações Especiais (BOE), dois do 19º BPM, quatro do 9º BPM e dois do 4º RPMon.
Há cerca de 34 mil pessoas presas no RS – 10 mil a mais do que a capacidade carcerária. Só no Presídio Central, o maior do Estado, estão abrigados 4,6 mil presos – quase 2,5 vezes mais do que a capacidade (1.905 pessoas).