A frase do título desta coluna não é de minha autoria. A li várias vezes pelas redes sociais e, desde a primeira, a considerei extremamente adequada à realidade brasileira.
Aliás, se por uma questão de capricho fosse complementá-la, incluiria as atividades esportivas no contexto, ao lado das culturais.
Ao ler a frase pela primeira vez, lembrei dos meus períodos de infância e juventude. Naquele tempo, percebia que estávamos no segundo semestre do ano quando ouvia o som das bandas marciais escolares ensaiando, em escolas públicas das proximidades.
Apesar de fazer parte de duas famílias repletas de músicos, nunca tive grandes talentos musicais. Por outro lado, por mais que duvidem, já fui atleta. Tanto em provas de atletismo, como no futebol amador, praticando o chamado "futebolzinho feijão-com-arroz", no qual a falta de habilidade é superada pela força de vontade, dedicação e aplicação.
Fiz parte, inclusive, do time bicampeão do campeonato entre escolas da zona sul de Porto Alegre, representando o colégio Rubem Berta (atual Cônego Paulo de Nadal). E assim ocorria com boa parte da gurizada da época.
Tínhamos orgulho da integrar o time da escola, da vila ou do bairro, fazer parte da banda marcial ou de algum grupo musical.
As mudanças ocorridas com o tempo, porém, foram cruéis para quem gosta desse estilo de vida. Os campinhos de várzea foram desaparecendo, ao mesmo tempo em que as atividades e programações artísticas e culturais tornaram-se cada vez mais raras.
Entre os motivos, estão a falta de investimentos e de vontade política, principalmente do lado estatal, nessas atividades simples e baratas.
Com tristeza, vejo que o orgulho que sentíamos de pertencermos a um time, a uma equipe, banda, a um coral ou grupo musical, muitos sentem hoje por fazerem parte de facções criminosas ou quadrilhas ligadas ao tráfico de drogas.
Até para não aumentar o estigma já existente em relação a jovens das periferias, deixo claro que isso ocorre com uma minoria. Mas em número suficiente para que se viva em um clima de guerra, com muitas vidas ceifadas a cada ano.
E como no Brasil há uma predileção de governos por fazer o país andar na contramão, no mês passado, uma medida provisória tornou opcional o estudo de Artes e de Educação Física no Ensino Médio.