O risco de que aconteça algo grave é grande. Motins, assassinatos, fugas, resgates de presos estão na lista de alertas feitos por fontes da polícia acerca do que pode acontecer enquanto presos forem mantidos em delegacias de polícia e, ainda mais grave, em viaturas.
E a solução para o problema parece distante. A cada dia, são encontradas soluções paliativas, a partir da abertura de vagas no sistema penitenciário. Aliás, nem sempre, pois, às vezes, o problema perdura por até cinco dias consecutivos.
Mas, quando ocorre de as celas das delegacias serem esvaziadas, não demora muito para que voltem a receber detidos. Para que o leitor entenda a sistemática, o Presídio Central, com lotação crônica, é interditado pela Justiça automaticamente a cada vez que a população carcerária chega a 4.650 presos.
Com a falta de vagas no maior presídio do Estado, desde o ano passado, foi retomada a prática da improvisação, com a manutenção de novos detidos em carceragens de delegacias – principalmente as Delegacias de Polícia de Pronto Atendimento.
Porém, como o próprio nome diz, são delegacias e não prisões. Logo, a estrutura é precária em todos os sentidos. Não bastasse isso, suas carceragens também têm sido superlotadas.
E, seguindo a máxima de que "o que está ruim pode ficar ainda pior", com a falta de vagas também nas DPs, os presos passaram a ficar detidos em viaturas.
Isso tudo é desumano em todos os aspectos. Inclusive para os policiais civis, que estão tendo de desempenhar um papel de carcereiros, o que não lhes compete, e ainda por cima em condições precárias, e para o PMs, que são obrigados a se afastar da função de policiamento, para ficar escoltando presos em veículos, enfrentando chuva, frio, calor...
Enquanto isso acontece, a Penitenciária de Canoas tem adiada constantemente sua ocupação a pleno. A previsão é de 2,8 mil vagas e, atualmente, cerca de 350 estão preenchidas.
Há outro acontecimento relevante e que afeta em cheio o problema vivenciado hoje. Em outubro de 2014, no apagar das luzes do governo anterior no Estado, sem que o Complexo Penitenciário de Canoas tivesse sido liberado (o que não ocorreu até hoje), o Pavilhão C do Presídio Central foi demolido.
Com ele, centenas de vagas foram postas abaixo. Hoje, as ruínas do pouco que sobrou da construção ainda podem ser vistas, como se simbolizassem um monumento à insensatez.