Apontada pela Polícia Civil como responsável por um plano para atacar uma juíza, seus familiares e pelo menos dez policiais, a quadrilha liderada por Vinícius Antônio Otto, o Vini da Ladeira tem sua base no bairro Morada do Vale II, em Gravataí, mas seu alcance é bem mais amplo. Conforme a investigação policial, o bando movimentava, até o ano passado, R$ 6 milhões por mês. Era considerado o braço mais lucrativo de uma facção criminosa que atua na Região Metropolitana.
O grupo foi o alvo da Operação Clivium, desencadeada em junho de 2015, considerada uma das maiores já realizadas pela Polícia Civil. Ao todo, depois de diversas etapas, a ação resultou em 123 presos e em mais de 50 inquéritos por tráfico de drogas, homicídios, ameaças, extorsões e formação de quadrilha. O homem apontado com líder do bando foi preso ainda em abril do ano passado, envolvido em um sequestro em Gravataí. Dois meses depois, outras 60 pessoas estavam presas.
De acordo com os investigadores, foi a liberação de tantos mandados de prisão preventiva pela Justiça que determinou a elaboração de um plano para eliminar os responsáveis pela investigação.
Leia mais
Delação premiada revelou à polícia plano para atacar juíza e policiais
– Nós atacamos o tráfico de drogas, mas o nosso principal foco era estrangular o lucro dessa quadrilha. Eles esperavam conseguir as liberações da prisão rapidamente, mas quando notaram que cada vez mais comparsas eram presos, resolveram aplicar a estratégia da violência também contra autoridades – explica o delegado Marco Antônio Souza.
Em outubro do ano passado, a polícia apreendeu e revelou um dos instrumentos de ameaça e guerra usados pela quadrilha contra rivais. O "Caveirão", como ficou conhecido um carro blindado e adaptado como um veículo de ataque, era considerado uma máquina da morte, inclusive com adaptação para os corpos de vítimas no porta-malas.
No começo desta semana, a polícia cumpriu mais mandados de busca relacionados ao inquérito por lavagem de dinheiro contra o bando. Quando a Clivium foi desencadeada, o processo de lavagem de dinheiro da quadrilha era pleno. Uma empresa de transporte de carros estava em fase de formalização. Dois caminhões cegonha foram apreendidos. Desde então, outros 29 veículos foram recolhidos, 40 contas bloqueadas, dinheiro em espécie apreendido, além de imóveis.
– É uma investigação em andamento, até mesmo porque de dentro da cadeia a quadrilha seguiu tentando manter os seus negócios nas ruas – diz o delegado.