Um pouco de esperteza e outro tanto de sorte ajudaram o vendedor Luiz Fernando Pacheco, 54 anos, a não virar refém de uma quadrilha que aterrorizou a cidade de Arroio dos Ratos, na madrugada desta terça-feira, durante assalto frustrado a uma agência bancária. Agentes do Departamento Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) da Polícia Civil que faziam campana evitaram o ataque ao banco, o que provocou intensa troca de tiros com o grupo de criminosos. O confronto terminou com um policial ferido e com outro morador sendo levado como refém.
O enredo de filme de terror na casa de Luiz começou pouco depois das 3h. Ele, a esposa e a filha acordaram assustados com o barulho dos tiros. Logo depois, um homem surgiu em frente à garagem da casa da família, na rua Osvaldo Guedes. Encapuzado, com uma pistola em mãos e um fuzil nas costas, bateu na porta e ordenou:
– Abre a porta! É a polícia!
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Luiz desconfiou, manteve as luzes de casa apagadas e passou a espiar pelo vão da veneziana de madeira da janela do quarto, que fica ao lado da porta da garagem. O vendedor recorda que o criminoso batia com o pé para tentar arrombar a estrutura e que, quando percebeu que não conseguiria, começou a atirar.
– Ele dava três ou quatro tiros com uma pistola e parava. Falava para eu abrir. Só que eu não falei com ele, fiquei quieto. Minha mulher e minha enteada também. Depois, ele dava mais tiros. Não conseguia, a porta é reforçada. Ele tentava empurrar para dentro, mas ela só abre para fora. Foi a minha sorte – lembra Luiz.
Cansado das tentativas com pistola, o criminoso trocou de arma e deu mais cinco tiros de fuzil na porta, segundo o morador, e não conseguiu, mesmo assim.
– Pelo jeito de falar, pelo estilo dele, eu sabia que não era polícia coisa nenhuma. Fiquei quieto, esperando. Se ele atirasse na minha janela e entrasse eu teria que agarrar ele na unha – conta.
A sensação de Luiz era de que em algum momento o criminoso tentaria entrar pela janela, mas o chamado de um parceiro que estava na casa em frente o fez desistir da família do vendedor. Outros dois homens conseguiram levar como refém o vizinho de uma casa em frente, que acabou sendo forçado a ajudar os criminosos na rota de fuga para sair da cidade.
– Tive muita sorte que ele não conseguiu arrombar. Agora ficaram as balas aqui em casa, os furos todos na porta – relata.
Entenda como foi a tentativa de assalto
Em uma campana para impedir o ataque a uma agência bancária, policiais civis trocaram cerca de 100 tiros com criminosos na madrugada desta terça-feira, em Arroio dos Ratos. No tiroteio, um policial ficou ferido. A quadrilha conseguiu fugir levando um refém, que foi libertado na BR-290. Um cerco foi montado na região para prender os assaltantes.
Com informações de que a quadrilha tinha intenção de arrombar uma agência bancária na região, agentes da Delegacia de Roubos, do Deic, esperaram no local durante a noite. Por volta das 3h15min, quatro homens chegaram em um Ônix branco na agência do Banco do Brasil e, quando foram abordados pelos policiais, reagiram atirando, conforme o delegado Rodrigo Bozzeto, diretor do Deic.
– A quadrilha estava bem equipada e trocou muitos tiros. Mais de 80, 100 disparos. Graças a Deus e à técnica dos policiais, não houve vítimas – disse Bozzeto, acrescentando que um agente foi ferido de raspão e passa bem.
Moradores do município, a mais de um quilômetro do banco, relataram terem se assustado com a intensidade dos disparos. Segundo o delegado, todos os assaltantes estavam armados com fuzis. As vidraças do banco e também de outras lojas foram quebradas com os disparos.
Os criminosos conseguiram fugir. Dois deles saíram no mesmo carro que chegaram, o Ônix, enquanto os outros dois invadiram uma casa, roubaram um Tempra e fizeram o dono como refém. Houve nova troca de tiros, mas eles também conseguiram escapar.
A vítima foi libertada cerca de três quilômetros depois, no km 150 da BR-290, junto com o Tempra. O morador não se feriu.
*Zero Hora