A situação que envolve a falta de vagas em presídios no Rio Grande do Sul é tão grave que um homem preso na noite quarta-feira está há 42 horas dentro de uma viatura da Brigada Militar, em Porto Alegre, aguardando a liberação de vagas em casa prisionais.
Maximiliano Duarte foi preso junto com outro criminoso, na Vila Maria da Conceição, por tráfico de drogas e porte ilegal de arma. Os dois foram levados para a 3ª Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento, na zona norte, onde foi registrado o flagrante. Como as celas da delegacia também estavam cheias, a única opção foi manter a dupla dentro da viatura.
Na manhã desta sexta-feira (21), o outro criminoso preso conseguiu uma vaga no Presídio Central. Maximiliano, no entanto, até as 14h, permanecia no veículo da BM. Ele é o preso que está há mais tempo dentro de uma viatura, pois existem ao menos outros quatro na mesma situação.
O comandante do 19º BPM, tenente Coronel Paulo César Ballardin, explica que cada viatura com presos é acompanhada de dois policiais que cumprem turnos de 12 horas. A medida impacta diretamente no policiamento ostensivo.
"Prejudica muito, pois a viatura tem que permanecer na delegacia e deixar de cobrir uma determinada área como estava programado. É feito um remanejo de viaturas, mas com certeza fragiliza o serviço de policiamento ostensivo", explicou.
De acordo com a polícia, até o começo da tarde, 48 presos aguardavam em celas de delegacias ou em viaturas a liberação de vagas nos presídios.
Coletiva da Susepe
No final da manhã, a Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe) chamou uma entrevista coletiva. Só que nenhuma novidade foi informada.
A assessoria de imprensa do órgão disse que a superintendente não iria falar sobre o caso. O responsável por responder aos questionamentos foi o diretor do Departamento de Segurança e Execução Penal, Angelo Carneiro.
Carneiro disse que a Susepe está trabalhando para a liberação de alvarás de soltura e progressões de regime de outros presos. Ele não deu prazo para que o problema seja resolvido e não garantiu que a situação, se resolvida hoje, não volte a se repetir.
Sobre os presos em delegacias e em viaturas, o diretor afirmou que a Susepe não tem condições de garantir a segurança destes detidos e que eles só passam a ser responsabilidade da superintendência a partir do momento em que os mesmos estejam sob custódia do órgão.
"Estamos buscando junto com o Poder Judiciário essas vagas. O nosso problema é que o fluxo de entrada de presos, hoje, é bem maior do que o número de vagas que são abertas", disse.