Anunciado na sexta-feira como novo secretário de Segurança do Estado, o prefeito de Santa Maria Cesar Schirmer apontou a criação de vagas nas prisões como a prioridade para estancar a onda de criminalidade que assola o Rio Grande do Sul.
Em coletiva de imprensa realizada na manhã desta segunda-feira, minutos depois de se reunir pela primeira vez com integrantes da Brigada Militar, Polícia Civil, Instituto Geral de Perícias e Superintendência dos Serviços Penitenciários, Schirmer afirmou que deverá atuar no sentido de "desburocratizar" os processos dentro da segurança pública.
O anuncio foi feito depois de um final de semana em que o Rio Grande do Sul contabilizou 28 assassinatos, sete deles em Porto Alegre.
Leia mais:
Como a impunidade matou mulher que buscava o filho na escola
RS registra 28 mortes violentas entre as noites de sexta-feira e domingo
Rosane de Oliveira: Schirmer é escolha pessoal e exclusiva de Sartori
O secretário explicou, ainda, que as prioridades citadas pelo governador Sartori são, além da criação de vagas em presídios, o maior policiamento nas ruas.
No entanto, Schirmer não anunciou nenhuma medida concreta sobre como será feito o chamamento de novos policiais militares e civis, _ o que foi anunciado na última sexta-feira por Sartori _, nem como deve acelerar a criação de vagas nas penitenciárias.
Schirmer deve se licenciar até o meio da semana da prefeitura de Santa Maria e tomar posse na quinta-feira como novo chefe da área de segurança pública do Estado.
Figura controversa
Entidades de servidores da Segurança Pública se dividem sobre a escolha Schirmer, que só tomará posse após renúncia à prefeitura, ainda sem data prevista. Todos receberam a indicação com surpresa, em razão de ele ter ficado marcado pela tragédia da Boate Kiss.
O nome de Schirmer chegou a figurar na lista dos assuntos que receberam mais comentários no Twitter, a maioria em tom de decepção e indignação. O prefeito de Santa Maria ficou conhecido em todo o país após o incêndio que resultou na maior tragédia da história do Rio Grande do Sul.
Em março de 2016, o Ministério Público Estadual decidiu arquivar a apuração que poderia enquadrar Schirmer em improbidade administrativa (falha na gestão pública), mas, até hoje, pais e mães das vítimas não aceitam a decisão. O prefeito é criticado por omissão.
Nos dias que se seguiram à tragédia, Schirmer chorou durante coletiva de imprensa e foi bombardeado por críticas ao deixar o local da entrevista sem responder às perguntas dos jornalistas.
Este ano, chegou a ser cogitado para vaga no Tribunal de Contas do Estado (TCE), desencadeando protestos da associação de familiares das vítimas da Kiss, que emitiu nota de repúdio. Diante do anúncio de sexta-feira, a Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) divulgou novo texto criticando a indicação de Schirmer à SSP.
– O prefeito jamais pediu desculpas pelo que aconteceu – resume o presidente da entidade, Sérgio da Silva.