O Ministério Público denunciou Diego da Silva Severo, 25 anos, suspeito de ter matado Marlon Roldão Soares, 18 anos, no saguão do aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, na segunda-feira. Se o processo for aceito pela Justiça, Severo se tornará réu por homicídio, tentativa de homicídio (um amigo de Marlon foi atingido de raspão), corrupção de menor (um adolescente de 16 anos participou da execução), receptação de veículo roubado e adulteração da placa desse automóvel.
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No documento, a promotora Lúcia Helena Callegari ainda solicita à Justiça prorrogação da prisão preventiva de Severo, que está foragido, assim como o menor. Uma mulher e dois homens, que também teriam ligação com o crime, ainda não foram identificados. Os homens seriam motoristas dos veículos que deixaram e buscaram os atiradores no terminal. A mulher apontou para os atiradores quem deveria ser executado.
Com base nas provas colhidas pela Polícia Civil, a promotora Lúcia Helena optou por denunciar Severo levando em conta a consistência dos elementos incriminatórios, como as impressões digitais contidas no carro utilizado na fuga e na lata de refrigerante consumido pela dupla no aeroporto antes do crime.
– A Polícia Civil mandou a cautelar com elementos contundentes que me permitiram oferecer a denúncia. Nada impede que, com a identificação dos demais, a gente também os denuncie – disse a promotora, que não esperou a conclusão do inquérito.
– Não há dúvidas de que a morte aconteceu pela guerra do tráfico, o que é impressionante. Porto Alegre está dividida por Balas na Cara e Antibalas – complementou.
O delegado Adriano Melgaço, responsável pelas investigações, afirma que em menos de um mês concluirá o inquérito.
– Estamos ouvindo testemunhas, indo atrás dos autores para tornar o inquérito ainda mais robusto, apesar de as provas existentes serem cabais – afirmou Melgaço.
Para a promotora Lúcia Helena, a motivação da morte está clara. No seu entendimento, Marlon, que morava em um local conhecido como Cantão, ponto dominado por uma facção, foi morto porque estava namorando menina que mora na região dominada por grupo rival. Melgaço preferiu não se pronunciar sobre a motivação, mas afirmou que, além de não descartar hipóteses, como morte por engano, está trabalhando em conjunto com o Ministério Público.
Outros pontos da denúncia
A vítima, acompanhada de dois amigos e seu padrasto, foi se despedir de um terceiro amigo, que estaria embarcando com destino ao Espírito Santo, para visitar a avó. Quando Marlon conversava com o grupo, o denunciado e o adolescente atiraram várias vezes contra ele e fugiram em um veículo roubado e com placas adulteradas. Marlon morreu por hemorragia.
A execução foi praticada por meio que gerou perigo comum, pois foram desferidos inúmeros disparos de arma de fogo dentro de um movimentado saguão de um aeroporto internacional, em horário diurno, local onde se encontravam várias pessoas que facilmente poderiam ter sido atingidas.
O assassinato foi praticado de emboscada, uma vez que o denunciado, na companhia de seus comparsas, aguardava a chegada da vítima no terminal de embarque, em campana, em uma lanchonete, onde poderiam ter fácil visualização de sua vítima e dificilmente seriam alvos de suspeita.
Crime foi praticado mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, uma vez que Marlon estava em local público, na companhia de seus amigos, desprevenido. Um amigo de Marlon foi atingido de raspão na região da nádega esquerda.