O delegado da 15ª DP, Fernando Soares, trabalha com duas hipóteses para a depredação à Escola Estadual Erico Verissimo, no Bairro Jardim Carvalho, Zona Leste da Capital. Uma das suspeitas é de que o crime tenha sido fruto de desentendimento entre alunos e professores. Episódios recentes de rigidez por parte dos educadores poderiam ter motivado a atitude.
Outra suspeita é a possível represália pelo fato de a escolar ter aberto as portas à Brigada Militar e por ter promovido discussões com a violência como pano de fundo. O delegado acredita que há participação de alunos no crime.
– Se for problema interno, o vandalismo pode ter originado da cabeça dos alunos. Se for represália, é orientação de organização criminosa – avalia.
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O inquérito foi instaurado para investigar os crimes de vandalismo e de furto, já que os suspeitos levaram notebook, dinheiro, câmera fotográfica e um HD externo. Para o delegado, o objetivo principal dos criminosos foi destruir a escola e o furto pode ter sido por ocasião. Em 20 anos de polícia, ele nunca se deparou com uma depredação nesta proporção.
– Eu já investiguei vários crimes em escola, mas esse foi muito impactante.
"Jamais vou desistir"
A Escola Erico Veríssimo é a primeira experiência de trabalho de um dos professores que não quis se identificar. Ele escolheu o magistério com a expectativa de melhorar o mundo. Embora tenha ficado em choque com a depredação, não pretende desistir do objetivo.
– Meu coração está doendo, mas jamais vou desistir. Somos mais fortes que isso. Se conseguir salvar um, já é alguma coisa.
Uma colega com 20 anos de experiência percorria os corredores aos prantos. Ela nunca imaginou se deparar com tamanha destruição.
– A gente saiu daqui na sexta-feira com tudo arrumadinho. Me chocou muito ver os trabalhinhos destruídos, está sendo muito dolorido.
"Quando teremos paz?"
Sem condições de receber os alunos, a escola anunciou as férias de julho com dois dias de antecedência. Mesmo sabendo que não havia mais nada o que fazer diante da destruição, dois pais permaneceram ali, caminhando entre as salas, inconformados. Um deles, de 32 anos, lembra do tempo em que foi aluno e lamenta a insegurança que se estabeleceu no bairro.
– Estamos de mãos atadas e com medo. A comunidade está recuada, não temos para onde correr.
Outro pai de 53 anos disse estar deprimido e incerto sobre o futuro da comunidade.
– Depois que acalmou os tiroteios acontece isso? Quando teremos paz?