O titular da Vara de Execuções Penais (VEP), juiz Eduardo Oberg, revogou nesta terça-feira a liberdade condicional de Moisés Camilo de Lucena, 28 anos, conhecido como Canário. Ele é um dos suspeitos de envolvimento no estupro coletivo de uma adolescente de 16 anos, no Morro São José Operário, na zona oeste do Rio. Canário responde pelos crimes de roubo e porte ilegal de calibre restrito e é suspeito de integrar um esquema de o tráfico de drogas que age na região. A liberdade condicional foi concedida em fevereiro.
Na mesma decisão, Oberg também determinou a expedição de mandado de prisão contra Canário, que está foragido, e a regressão de cumprimento da pena, de mais de quatro anos de prisão, do sistema aberto para o semiaberto.
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Segundo a polícia, Moisés é o quarto homem cuja voz aparece nos vídeos gravados por Raí de Souza, de 22 anos, na casa onde a jovem sofreu estupro coletivo. A perícia técnica já havia revelado que pelo menos quatro homens estavam no quarto no momento das gravações do vídeo e participaram dos abusos sexuais contra a jovem.
Moisés, de acordo com a polícia, participou dos dois estupros dos quais a jovem foi vítima. O primeiro ocorreu na parte alta do morro e o segundo, em uma casa na parte baixa.
Ele também é apontado pela vítima como o homem que a segurava, quando ela despertou em uma casa no alto da favela, cercada por traficantes armados. A Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV) também investiga a suspeita de que o próprio Raí tenha informado a Moisés sobre a presença da jovem desacordada e sozinha em uma casa na parte baixa da favela. Moisés foi o primeiro a estuprar a adolescente.
Outra versão
Raphael Duarte Belo, de 41 anos, que está preso junto com Raí no Complexo Penitenciário de Gericinó, contou, no Facebook do Jacarepaguá – Notícias RJ, que na noite de 22 de maio, os dois foram de moto até o alto do morro pedir autorização ao tráfico de drogas para fazer no domingo seguinte uma matinê de forró e outros gêneros musicais, na Quadra do Francão, na comunidade São José Operário, onde mora.
Ele contou que subiu o morro com Raí na garupa da moto. Lá, foram informados por Jefinho, que também está sendo procurado pela polícia, que uma jovem estava em uma casa abandonada desde o dia do baile funk. Segundo Raphael, a "mulher estava deitada, nua, dormindo, muito suja e com os cabelos embolados, parecendo uma viciada em crack ou mendiga". De acordo com Raphael, nesse momento, Raí tirou o celular do bolso e começou a gravar a jovem. Depois, ele disse que foram embora.