Depois da suspeita de que quatro pessoas tentaram furtar doações que foram entregues a atingidos pelas chuvas em Santa Maria, a Polícia Civil decidiu investigar o caso. A investigação será feita mesmo sem o registro da ocorrência por parte da prefeitura. Entre os quatro suspeitos, está um funcionário do Executivo.
"Quando há uma noticia de um fato criminoso, e ele é de ação penal pública incondicionada, esse é um crime que o Estado não precisa de alguém pedindo investigação. Nós podemos investigar, e eu achei o fato grave", explica o delegado regional Sandro Meinerz.
A polícia vai analisar imagens das câmeras de segurança e ouvir testemunhas, além da secretária de Habitação, Magali da Rocha, que foi quem flagrou a tentativa de furto. O setor de Inteligência Policial da Delegacia Regional já começou a compilar dados da matéria e, devido ao feriado, na terça-feira (3) será instaurado o inquérito.
A investigação ficará a cargo da 3ª Delegacia de Polícia, com o delegado André Diefenbach. A suspeita da secretária Magali é que quatro pessoas separavam as doações perto do lixo para pegarem depois. As câmeras do Centro Desportivo Municipal filmam apenas a parte externa do local, ou seja, não mostram o momento em que a secretária flagrou a tentativa de furto. No entanto, as câmeras mostrariam o local onde ficam os lixos. Entre os suspeitos, estão três voluntários e um funcionário da prefeitura.
"No caso do servidor da prefeitura, ele pode ser acusado de crime de peculato, porque estaria se aproveitando da função pública para ter vantagem econômica. Se o agente público está junto na história e facilitou para eles, aí todos podem ser acusados de peculato", explica Meinerz.
A polícia também vai tentar identificar se houve furto ou se foi apenas tentativa. O crime de peculato tem pena de 2 a 12 anos de prisão. O de furto simples de 1 a 4 anos, e o de furto qualificado de 2 a 8 anos.
As doações chegam a 10,5 toneladas de agasalhos e cobertores, 7 toneladas de alimentos, 450 kits de limpeza, 2,6 mil pares de calçados e 400 colchões. Um total de 520 famílias já receberam as doações, e mais de 100 pessoas trabalharam como voluntárias.