João Luiz Silva da Rosa (*)
Crianças precisam de adultos que possam oferecer: amor, atenção, cuidados essenciais e oportunidades de brincar. Sim, nossas crianças necessitam do brincar como atividade fundamental para se desenvolverem com êxito. Talvez para alguns adultos a brincadeira não precise ser levada tão a sério, mas deveria ser, afinal, estamos falando de infâncias, algo que deve estar sempre no campo de discussão para melhorias.
O brincar ainda é visto como algo sem importância. Você já escutou aquela frase, “fulano está de brincadeira”? Então, falar de brincar ainda soa como no sentido pejorativo da palavra para muitos adultos.
Nossas crianças precisam de mais oportunidades de contato com as brincadeiras ao ar livre, em parques, ruas e praias. Tenho encontrado um grande déficit de natureza na primeira infância, impactando principalmente no ser criança, pois quando a mesma não tem a oportunidade de acesso a diversos elementos naturais (brincar com galhos de árvores, barro, folhas e outros recursos que somente a natureza pode nos ofertar), acaba limitando o seu raciocínio lógico, em muitos casos agravando a sua ansiedade e tornando-se mais agitada.
Discursamos que cada vez menos as crianças estão brincando, mas o adulto oferece oportunidades para que isso possa acontecer? Estamos abertos para se sujar junto? Mostramos as possibilidades de brincadeiras ou estamos preocupados em passar mais tempo mexendo nos celulares?
Discursamos que cada vez menos as crianças estão brincando, mas o adulto oferece oportunidades para que isso possa acontecer? Estamos abertos para se sujar junto? Mostramos as possibilidades de brincadeiras ou estamos preocupados em passar mais tempo mexendo nos celulares? Você já deparou com a cena de um adulto mexendo no celular enquanto a criança está falando com ele? Ou você já encontrou uma criança em frente ao celular em um parque?
São situações corriqueiras, que infelizmente já fazem parte da vivência. Enquanto estava em um ambiente, fiquei analisando a situação e refletindo sobre a necessidade de mais adultos que possam brincar. Ou podemos dizer que adultos também poder ser “brincantes”, pois somos referências para as crianças.
Não podemos pedir uma postura e fazer o contrário daquilo que estamos pedindo para as crianças, o adulto precisa de paciência e precisa se conectar com a criança que ele foi um dia, para dar conta das brincadeiras que possam ser distribuídas.
Caminhar com uma criança permite encontros e encantamentos
Rudolf Steiner diz que a criança é a própria natureza, ou seja, ela precisa de vivências lá fora, além das paredes de concretos que acabam consumindo a liberdade de movimento. Sol ou chuva são oportunidades para que as crianças vivam o brincar sem limitações, pesquisem o que a natureza tem de mais belo e possam correr livremente.
A infância é um momento de inauguração, de encantamentos e de liberdade. Não podemos deixá-los alienados com o uso excessivo de eletrônicos, ou sem atividades que envolvam as interações e os movimentos. Caminhar com uma criança é a possibilidade de encontros, encantamentos, desafios, afinal, as crianças enxergam o mundo com olhos de turistas cada canto da nossa cidade.
Precisamos dar liberdade de movimento, acompanhar o trajeto. A família tem nas mãos grandes possibilidades de estar com as crianças brincando e se encantando, as rotinas não podem consumir esse tempo precioso, pois a infância é aqui e agora.
Quando uma criança brinca, a natureza sorri, pois está de braços abertos para se juntar nas mais lindas aventuras que meninos e meninos disponibilizam.
O papel do adulto é fundamental, pois precisamos dedicar mais tempo para brincar juntos, o que torna atrativo o espaço e as explorações que vão surgindo, e nosso Estado é um dos mais lindos quando falamos sobre parques e áreas florestais, aflorando a exploração dos seus sentidos. Tenham a oportunidade de pedalar na orla do Guaíba, colham folhas no Parque Germânia e observem os cantos dos pássaros. Temos tanta beleza lá fora, mostrem a cada criança a importância de usufruir de uma infância natural, livre, mas com sentido.
Nossa sociedade clama por mais oportunidades de brincadeiras, mais tempo além do relógio que cronometra cada passo de nossas crianças. Tirem um tempo para apreciarem as nuvens com as crianças, fazer um bolo de barro e comida de folhas. Nossas infâncias são vivas e vividas quando cada criança pode brincar ao ar livre e se sujar. A brincadeira é oficio genuíno de nossas meninas e nossos meninos.
(*) Pedagogo, mestre em educação e pós-graduado em psicanálise infantil