Uma das principais ideias por trás de datas relacionadas a doenças é divulgar suas causas, sintomas e tratamentos com o objetivo de salvar vidas. No dia 13 de setembro, é lembrado o Dia Mundial da Sepse, doença que saber identificar o mais breve possível é fundamental para possibilitar o tratamento adequado.
Médico emergencista do Hospital Moinhos de Vento, João Pedro Mendonça Bidart justifica a importância de campanhas de conscientização:
– É uma mensagem para o reconhecimento dos sintomas, para não perder tempo, não negligenciar sintomas estranhos e levar para a emergência o quanto antes. É cada vez mais importante fazer as pessoas terem conhecimento sobre a sepse.
Atualmente, a medicina adota a nomenclatura sepse – com o quadro mais grave sendo chamado de choque séptico –, mas a doença também é conhecida como septicemia e é popularmente chamada de infecção generalizada. No mundo, há mais de 30 milhões de casos ao ano, com 6 milhões de mortes. No Brasil, o número de óbitos chega até a 240 mil anualmente. Mesmo sendo uma estatística expressiva, ainda estima-se que seja subestimada por causa de subnotificação, já que muitas vezes a causa da morte é atribuída à doença que provocou a sepse.
O que é
A sepse é uma doença que pode ocorrer apenas em pacientes que estão com uma infecção de qualquer natureza, seja bacteriana, viral ou causada por algum outro tipo de microrganismo. A sepse se caracteriza quando o sistema imunológico produz uma resposta desregulada (exagerada) para combater esses invasores e acaba atacando não só os agentes infecciosos, como também o próprio organismo.
— Os anticorpos são partículas que ajudam nosso sistema imunológico a reconhecer um organismo intruso se ligando a ele. Isso gera uma sinalização para outras células destruírem. E existem outras células que agem destruindo e gerando outras células para combater esses microrganismos. O problema é quando isso é produzido em excesso, aí, essas células acabam destruindo partes do nosso corpo — explica Bidart.
Ainda não se conseguiu determinar porque a sepse ocorre, mas quanto mais debilitado encontra-se o sistema imunológico, maiores as chances de uma infecção evoluir para este quadro. Fatores que aumentam a probabilidade da ocorrência são idade avançada, existência de outras doenças, fatores genéticos e uso de medicamentos quimioterápicos ou corticosteróides, entre outros.
Quaisquer infecções podem acabar gerando a sepse, mas observa-se o quadro mais comumente em casos respiratórios, urinários e abdominais. A sepse também é frequente em infecções na pele, no sistema nervoso central e em feridas pós-operatórias.
Sintomas
A sepse só atinge pacientes com alguma infecção, cujos sintomas podem ou não estar evidentes. O médico Bidart qualifica os sintomas da sepse como inespecíficos, já que ela ocorre associada a uma infecção em qualquer parte do corpo. Alguém com sepse pode apresentar estado de confusão mental, sonolência, dificuldade de acordar, falta de fôlego e comprometimento dos rins. Também pode haver queda da pressão arterial e comprometimento da circulação, a ponto de deixar os dedos arroxeados (cianóticos), causar taquicardia (acima de cem batimentos por minuto) e palidez. Pode haver febre.
Como agir
A sepse é um quadro perigoso e pode evoluir rapidamente para um choque séptico, estado mais grave da doença. Portanto, cada minuto conta para salvar a vida de quem está apresentando os sintomas. Não há tratamento caseiro para a sepse. Caso haja suspeita, deve-se encaminhar a pessoa imediatamente para o atendimento médico.
Tratamento
Bidart recomenda que sejam adotados protocolos e treinamento específicos nas emergências para reconhecer um quadro de sepse, a fim de o paciente receber o mais breve possível o tratamento necessário, que se inicia com uso de antibióticos.
— Os estudos mostram que o quadro deve ser reconhecido quanto antes o paciente chegue ao hospital e se tem, idealmente, uma hora até infundir a primeira dose de antibiótico. É isso que vai evitar que o paciente evolua para choque séptico — explica.
Também é importante minimizar os sintomas associados à inflamação que gerou a sepse, como normalizar a circulação sanguínea e a respiração.