Os primeiros dias de dezembro marcam uma forte campanha em prol das pessoas com deficiência (PCDs). Em 3 de dezembro, temos o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, no dia 5, o da Acessibilidade, e o 9 de dezembro marca o Dia Nacional da Criança com Deficiência.
As datas estão nos calendários, leis de inclusão e acessibilidade foram aprovadas, mas as dificuldades persistem. Abaixo, listamos algumas atitudes que podem ajudar a sermos mais inclusivos.
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15 dicas para incluir PCDs
- Acessibilidade atitudinal é o primeiro passo para a mudança. Não menospreze as habilidades e capacidades de um PCD. Busque entender suas demandas, ouça essa população para estar apto a atuar ativamente na luta pela acessibilidade universal.
- Criada em 2015, a Lei Brasileira de Inclusão (LBI) é invisível para a esmagadora maioria da população. É importante conhecê-la, pois é este estatuto que regulamenta as questões de acessibilidade em diversos âmbitos, que estabelece normais gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade para PCD's ou indivíduos com mobilidade reduzida. Consulte em gzh.rs/leigov
- Encontre parceiros capacitados para a realização das diversas acessibilidades como Libras, audiodescrição, acessibilidade física, comunicação acessível em espetáculos, teatro, comércio entre outros. Em Porto Alegre, o projeto Pertence, que favorece a qualidade de vida de PCD's, tem indicações dos profissionais certos para cada uma destas funções.
- Projete e inclua no seu orçamento, como gestor da cidade, de uma empresa ou de uma loja, os investimentos necessários com a acessibilidade.
- Evite a construção de escadas, opte pelas rampas. Ela facilita a locomoção de pessoas usuárias de cadeira de rodas, mas também daquelas que têm outros tipos de limitação física ou sensorial.
- Fique atento para não construir rampas muito íngremes. Lembre-se que o importante é dar autonomia às pessoas para que elas consigam subir a rampa sem o auxílio de outro indivíduo. Para isso, veja os parâmetros técnicos da Norma Brasileira (NBR) 9050. Ela é quem rege os critérios para construção e adaptação às condições de acessibilidade.
- Evite a colocação de tapetes no chão, eles atrapalham a mobilidade. Lembre-se ainda de não colocar objetos quebráveis na quina de móveis que podem servir também de apoio na hora de se levantar ou caminhar.
- Procure instalar barras de apoio em banheiros. São grandes aliadas.
- Um levantamento feito pelo Movimento Web para Todos, divulgado em 2019, revelou que menos de 1% dos sites ativos no Brasil passou nos testes de acessibilidade para PCDs. Faça a descrição das imagens utilizadas, opte por textos diretos, faça uso de contraste para facilitar o trabalho dos softwares de leitura de tela. No site Web para Todos, você encontra dicas de como tornar seu site mais inclusivo.
- Quando for falar com uma pessoa cega, com baixa visão ou com deficiência visual, dirija-se a ela e não ao seu acompanhante. Além disso, caso seu estabelecimento ou empresa não tenha interprete em Libras para atender pessoas com deficiência auditiva, procure fazer o correto treinamento da equipe para que o atendimento seja respeitoso e acessível.
- Não rebaixe o nível das calçadas. Quando não sinalizadas com os pisos táteis, pessoas cegas ou com baixa visão ficam sem referência de onde pisam e podem acabar andando pelas ruas sem saber.
- Hospitais e postos de saúde devem ter o chamamento dos pacientes feito por voz, mas também por sinal luminoso para quem os surdo e deficientes auditivos possam identificar o momento do seu atendimento.
- Profissionais da saúde poderiam ter a disciplina de Libras como obrigatória no currículo. O mesmo valeria para estudantes de Ensino Fundamental e Médio.
- Sindicatos de médicos, de fisioterapeutas, de fonoaudiólogos etc poderiam criar um catálogo de profissionais que se comunicam por Libras.
- Ofereça suporte e incentivos para que servidores públicos e funcionários a se qualificarem nesta linguagem.
Fontes: Marco Bonito, professor de Jornalismo da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) e especialista em Acessibilidade Comunicativa; Geniane Pereira, coordenadora administrativa no Pertence; Reinaldo Charão para-atleta de tiro com arco do RS Paradesporto e militante pela acessibilidade universal; Gilberto Kemer, presidente Associação de Cegos do Rio Grande do Sul (Acergs); Carla Brum, presidente da Associação de Crianças e Adolescentes Surdos do Rio Grande do Sul (Acas).
O modo correto de falar
- Não se fala surdo/mudo. Comece a dizer pessoa com deficiência auditiva, surda ou ensurdecida.
- Não existe a linguagem de sinais, o correto é Língua Brasileira de Sinais (Libras).
- Não fale cadeirante, opte por pessoa usuária de cadeira de rodas.
- Não fale deficiente físico, mas pessoa com deficiência física.