Facilmente encontrados em diversas regiões das cidades, os pombos, além de serem o símbolo da paz, também são transmissores de doenças como a meningite criptocócica. Ela ataca as meninges, capas que envolvem o cérebro, e é causada por fungos do gênero Cryptococcus, encontrados nas fezes de aves (principalmente dos pombos) e que, dependendo do caso, podem levar à morte.
Pouco tempo após o lançamento da nova versão da Guia de Vigilância em Saúde (GVS), material que traz um alerta sobre o perigo de transmissão pela ave, uma mensagem passou a circular pelas redes sociais afirmando que, para evitar o contágio, é preciso tapar o nariz e a boca quando o pombo bater as asas, a fim de evitar a inalação do fungo. Entretanto, Paulo Behar, médico do Serviço de Infectologia da Santa Casa, explica que essa medida de proteção não é eficiente:
— O fungo está presente no intestino dos pombos, ou seja, também está nas fezes. Quando depositadas na natureza, com sol, chuva e vento, elas se dissolvem, fazendo com que o fungo viaje pelo ar e seja respirado, chegando até o pulmão e, de lá, podendo ir para o cérebro. A transmissão, então, não é direta do pombo para a pessoa. Tapar o nariz quando eles batem asas não faz a menor diferença, já que o fungo está espalhado e entramos em contato com ele com frequência.
Mesmo com o fungo bastante espalhado, existem poucos casos dessa doença porque ela costuma ocorrer em pessoas que estão com a imunidade baixa. O nosso organismo consegue, naturalmente, não se deixar adoecer ao entrar em contato com o fungo. Para que ocorra, é preciso que exista um déficit de imunidade, como diabetes, uso de medicamentos corticoides e quimioterápicos, por exemplo, ou infecção pelo HIV avançada.
— Desse modo, é totalmente incomum que uma pessoa que não tem um déficit de imunidade desenvolva a meningite criptocócica. Quem tem doença de fígado crônica, como a cirrose, também pode adquirir o problema — explica Behar.
Resumindo, é verdade que o animal transmite a doença, mas tapar o nariz e a boca quando eles batem as asas não é uma proteção eficiente. Segundo o Ministério da Saúde, não existem medidas preventivas específicas. Recomenda-se a utilização de equipamento de proteção individual, sobretudo de máscaras, na limpeza de galpões onde há criação de aves ou aglomerado de pombos.
De acordo com Behar, para a população em geral, o melhor modo de evitar é manter-se saudável e não utilizar álcool demasiadamente para não desenvolver doenças hepáticas. Já se tiver de usar medicamentos que diminuem a imunidade, deve-se conversar com um médico para fazer a proteção em relação a isso.