Publicado há três anos no Facebook de uma moradora do México, um vídeo de menos de um minuto sugere que manchas pretas em batatas seriam cancerígenas. Nas imagens, a mulher está cortando o tubérculo e, ao encontrar o ponto, diz que aquilo se trata de uma bactéria muito resistente aos agrotóxicos e a outras substâncias, portanto, altamente cancerígena dentro do corpo humano. Segundo a mulher, que não está identificada, a tendência natural das pessoas seria cortar as partes não afetadas e descartar somente a preta.
– É um erro grave, pois esse tipo de crescimento no interior da batata é uma bactéria muito resistente aos pesticidas e altamente cancerígena. Essa batata vai direto ao lixo – relata na postagem, em um espanhol pausado e, portanto, fácil de compreender.
Desde então, o vídeo já somou mais de 995 mil compartilhamentos em diversos países, inclusive o Brasil, acompanhado dos comentários mais distintos.
Apesar da convicção da mulher, e de o vídeo ter se espalhado tão fortemente pela internet, no entanto, não se trata de nada além de um boato inverídico. De acordo com Gervásio Paulus, coordenador estadual de Olericultura da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), não há relação entre as manchas pretas que são bastante usuais nas batatas e substâncias cancerígenas.
– Não tem nada a ver uma coisa com a outra. As manchas têm causas variadas: podem ser simples danos físicos ou, então, distúrbios fisiológicos, fungos ou bactérias que, eventualmente, instalaram-se no solo onde o tubérculo cresceu. Em nenhuma das hipóteses há qualquer associação possível com câncer – garante.
Ele explica que, mesmo que seja fungo ou bactéria, não há nenhuma evidência que ligue esses agentes a qualquer doença. Paulus destaca que, quando o ponto está localizado em uma extremidade do tubérculo, não há problema em retirá-lo e usar o restante do alimento.
– Se a mancha vem de dentro para fora, convém descartar, por que a batata pode estar comprometida, já em decomposição – alerta o especialista.
Também muito comuns, os furinhos encontrados nesse tubérculo depois de ele ser descascado não oferecem risco. Podem ser distúrbios fisiológicos, que não comprometem a qualidade do alimento, explica o coordenador da Emater.