Queimaduras são comuns e ninguém está livre de passar por esse tipo de situação. Talvez seja por isso que existam tantas dicas do que fazer nesses casos. Aplicar pasta de dente, manteiga e borra de café são algumas delas. Uma mensagem que circula pelo WhatsApp indica que farinha de trigo é mais um dos produtos que podem ser usados nesses casos. Mas será que a farinha realmente funciona?
A farinha não serve para tratar queimaduras e não pode ser usada. Pelo contrário: pode trazer problemas desnecessários.
Segundo a dermatologista Lia Pinheiro Dantas, do Hospital de Clinicas de Porto Alegre (HCPA), aplicar a farinha de trigo no ferimento pode agravar a situação, já que o pó pode estar contaminado por fungos ou bactérias capazes de provocar uma infecção. Além disso, o pó causa o ressecamento da pele, atrapalhando a cicatrização.
— Quando alguém chega ao atendimento médico com farinha aplicada em uma queimadura, é necessário retirar essa farinha fazendo uma raspagem da pele, que já está danificada. Isso dificultará ainda mais a cicatrização — afirma a dermatologista.
A mensagem recomenda, ainda, que a farinha de trigo seja armazenada na geladeira para ser usada em caso de queimadura. Essa dica, apesar de não ser válida, faz sentido: aplicar elementos gelados no ferimento traz mesmo sensação de alívio ao produzir um efeito analgésico. Mas a farinha não é indicada para isso.
O que fazer, então?
Também não adianta apelar para pasta de dente, pó de café ou manteiga, como você já pode ter ouvido falar por aí. Qualquer produto pode piorar a situação.
A primeira recomendação para quem sofre um acidente como esse é lavar o local com água corrente em temperatura ambiente. Mas, atenção: nunca use água fria nem gelo.
_ Gelo também queima, mas, por proporcionar uma sensação momentânea de alívio, a pessoa acredita que está fazendo bem. O que ela está fazendo, na verdade, é uma queimadura ainda maior, mesmo sem perceber _ explica Lia.
Após higienizar o local com água, deve-se buscar imediatamente atendimento médico. O dermatologista Marcos Noronha Frey, da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, aconselha cobrir o ferimento com gaze ou um pedaço de pano para evitar contaminação.
— Fazer o curativo utilizando vaselina líquida pode ser interessante. Isso evita que ele fique colado na queimadura e precise ser arrancado depois _ aconselha o médico.
Os graus do problema
> Queimaduras de primeiro grau são as mais frequentes e superficiais _ como quando ficamos muito tempo expostos ao sol, por exemplo. As principais características são vermelhidão, dor intensa e palidez da pele quando tocada. Não há formação de bolhas.
> As lesões de segundo grau são um pouco mais graves, pois o ferimento atinge a segunda camada da pele, a derme. Há formação de bolhas.
> As de terceiro grau são as mais graves e exigem que se procure ajuda médica com urgência. Têm aparência seca, esbranquiçada e rígida. Não costumam ser tão doloridas quanto as de primeiro e segundo grau, pois a camada onde os nervos sensoriais estão localizados, a derme, já foi completamente destruída.
> Fique atento ao tamanho da lesão e à dor. Em caso de queimadura leve, hidrate o local com compressas embebidas em água. Se a dor for intensa ou o ferimento ficar muito exposto, lave somente com água em temperatura ambiente, cubra com uma gaze com vaselina ou água e procure atendimento médico.