O sistema imunológico ainda em fase de amadurecimento faz das crianças alvos fáceis para o aparecimento de alergias. Elas são definidas como uma reação exagerada da imunidade frente a determinada substância. Acontecem quando o corpo não reconhece um elemento e passa a se defender dele.
Os sintomas mais comuns da alergia em crianças são erupções na pele ou urticária, espirros, tosse, corrimento nasal, coceira nos olhos, dificuldade para respirar ou dor de estômago, de acordo com o American College of Allergie, Asthma & Immunology (ACAAI). Os gatilhos para que esses sinais deem as caras são vários: pólen de flores, picadas de insetos, alimentos e até o contato com algumas substâncias – como produtos de limpeza, por exemplo.
A má notícia é que os pais só ficam sabendo que os filhos são alérgicos quando os sintomas aparecem, sendo impossível prever algumas reações. A exceção são os filhos de pessoas alérgicas: eles precisam de acompanhamento e atenção especial, principalmente na hora de introduzir os alimentos que costumam causar problemas.
— Essas famílias têm que ser vistas de forma diferente. Não vamos pedir para que evitem os alimentos, mas que tenham cuidado. Introduzir na dieta substâncias potencialmente alergênicas faz com que o organismo acabe tolerando-as melhor — diz o médico Antonio Carlos Pastorino, coordenador do Departamento Científico de Alergia na Infância da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai).
Proteínas são as mais alergênicas na infância
Embora boa parte das pessoas afirme ter alguma alergia alimentar, o número de alérgicos comprovados com exames específicos gira em torno de 5% da população, garante Pastorino. Na infância, os alimentos mais alergênicos, segundo ele, são as proteínas do leite de vaca, o ovo, eventualmente a soja, o amendoim e o peixe. Para identificar a reação, é preciso ficar atento a urticárias, dermatites, problemas gastrointestinais como diarreia e vômito e, em alguns casos, sinais de pulmão.
Problemas de pele também são comuns
Se as alergias alimentares são um pouco mais previsíveis em filhos de pais alérgicos, há outro tipo que não depende tanto de fatores genéticos: a dermatite de contato. Nela, o organismo responde com vermelhidão, coceira, inchaço e até bolhas ao “ataque” de algumas substâncias como produtos de limpeza, brincos, fechos de roupas etc.
Um dos casos comuns na infância é a chamada dermatite do toalete, que se manifesta na região atrás da coxa e é causada por produtos usados na limpeza do vaso sanitário.
— A substância que mais frequentemente causa problema é a água sanitária, mas ela não é a única — afirma Daniela Seidel, pediatra com ênfase em cuidados da pele.
Apesar de simples, a dermatite do toalete exige atenção dos pais.
— A alergia causa uma coceira intensa e, como a criança fica coçando, pode surgir uma ferida no local, que predispõe infecções — explica a dermatologista Nádia Almeida.
Uma vez identificada a origem do problema, a orientação é limpar o tampo do vaso sanitário com álcool 70 ou sabão de coco. Mesmo que o banheiro da casa esteja protegido, é preciso cuidado com os demais assentos com que a criança terá contato, como na escola, em shoppings ou mesmo casa de amigos ou familiares.
— Fora de casa, a recomendação é sempre forrar o vaso, não só quando estiver em banheiro público — reforça Daniela.
Além de evitar o contato com a substância causadora da alergia, recomenda-se aplicar hidratantes não agressivos na região afetada da pele. Se ainda assim os sintomas persistirem, é bom consultar um médico.
A dermatite de contato também é muito comum na adolescência, quando há maior exposição a produtos com mais agentes químicos.