A busca por cirurgias plásticas para retomar as medidas anteriores à gravidez - também conhecidas como mommy makeover (ou reforma da mamãe) - tem crescido no país especialmente entre mulheres com mais de 35 anos. São procedimentos focados na região abdominal e das mamas, como lipoaspiração, abdominoplastia e mastopexia. A orientação é que as mães que desejam se submeter às cirurgias aguardem pelo menos um ano após a amamentação, mas há quem espere somente seis meses.
Sociedades da área não têm um levantamento específico sobre o mommy makeover, mas especialistas ouvidos pela reportagem apontam alta de até 30% em suas clínicas nos últimos dois anos entre mães com mais de 35 anos. Esse crescimento integra o cenário, cada vez mais frequente, de adiamento da gravidez. Dados divulgados em novembro de 2016 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que em 10 anos o porcentual de mulheres que se tornam mãe entre 30 e 39 anos passou de 22,5% para 30,8%.
— Esse é um movimento que não se via quando a gravidez era pouco frequente após os 35 anos. Todos os anos fazemos pesquisas com os cirurgiões plásticos, e em 2018 vamos incluir questões sobre os procedimentos nesta faixa etária — afirma o diretor da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (Isaps), Carlos Uebel.
De acordo com os médicos, as mulheres que procuram as cirurgias depois da maternidade buscam recuperar a autoestima, relatam dificuldade de alcançar a forma física desejada com exercícios físicos e alimentação e, em geral, estão decididas a não ter mais filhos.
— Certamente as mães estão vindo ao consultório mais cedo no período pós-parto para entender quais procedimentos podem ser realizados. O perfil é a mulher que já está com a família constituída e sofreu grandes alterações na forma física — diz Luís Felipe Maatz, cirurgião plástico e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), que relata aumento de 30% nos procedimentos.
É o caso da arquiteta Andrea Oliveira, de 37 anos, que teve o filho aos 35. Decidida a não engravidar novamente, ela se submeteu a intervenções na região abdominal e nas mamas - colocou próteses e passou por cirurgia para levantá-las.
— Todas as mães que eu conheço querem colocar o corpo em ordem. A gravidez muda muito o corpo e, depois da cirurgia, retomamos a parte estética e a autoestima.
Também membro da SBCP, o cirurgião plástico André Colaneri destaca que as mulheres devem esperar no mínimo um ano depois do fim da amamentação para se submeter ao procedimento:
— O ideal seria esperar dois anos, porque a criança já estará andando. Antes disso, é preciso pegá-la muito no colo.
Colaneri, que observou aumento em torno de 20% na procura por essas cirurgias, afirma que quando a mulher quer mais de um procedimento a cirurgia pode ser feita em etapas, mas há casos de pacientes que realizam mais de uma intervenção no mesmo dia:
— Hoje, elas costumam operar em um intervalo menor (após o parto). Não esperam muito quando já sabem que não vão ter mais filhos.
Uma empresária de 36 anos, que pediu para não ter seu nome divulgado, esperou seis anos após o nascimento do segundo filho para se submeter, em junho, às cirurgias:
— Depois dos 35 anos é mais difícil manter o corpo. Dei o intervalo porque queria ter certeza de que não teria mais filhos.
Embora pratique corrida e musculação, ela não conseguia uma forma física que a agradasse:
— Não ficava sem roupa na frente do meu marido e só usava blusas folgadas. Agora, não vejo a hora de ir à praia.
Menos de 35
Mulheres que se tornaram mães mais jovens também buscam a cirurgia quando não querem ter outro filho. A bancária Tatiane Velasques, de 27 anos, resolveu fazer abdominoplastia, lipoaspiração e lipoenxertia de glúteos em junho deste ano, um ano após ter a segunda filha e decidir que não engravidaria novamente:
— Falei com meu ginecologista sobre a vontade de me submeter à cirurgia plástica assim que ela nasceu — diz Tatiane, que já tinha uma filha de nove anos.