Lanche, sobremesa ou mesmo em forma de suco para acompanhar as refeições são algumas das utilizações mais comuns da gelatina. Mas será que o consumo desse produto tão popular é saudável?
Para começo de conversa, é bom esclarecer que, nutricionalmente, ela não é considerada um alimento – mas, sim, um produto alimentício. Isso porque não contém ingrediente algum que seja considerado alimento de verdade.
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– A cor é dada por corantes. O sabor, por aromatizantes. As gelatinas de morango, por exemplo, não têm uma fruta sequer – enumera a nutricionista funcional Paloma Tusset.
Isso já responde a pergunta lá de cima: não, a gelatina não é saudável. Motivos não faltam.
Composta basicamente de açúcar, colágeno de vacas ou porcos, adoçantes artificiais, reguladores de acidez, corantes e aromatizantes artificiais, o produto é um prato cheio para uma série de problemas. Em função dos químicos, pode aumentar a inflamação do organismo, enquanto o açúcar e os adoçantes podem estimular a compulsão alimentar e a vontade de comer doces. Nem as versões light ou diet escapam.
– Elas podem ser consideradas até piores que as tradicionais, pois não têm açúcar, mas são ricas em adoçantes. Quando consumimos esses edulcorantes, o corpo entende que estamos ingerindo açúcar e produz insulina. Essa produção em excesso aumenta as chances de desenvolver uma patologia chamada resistência insulínica, que é uma etapa inicial do diabetes, e está associada ao aumento da gordura na região abdominal, a compulsão alimentar, a esteatose hepática, as doenças cardiovasculares e a diversos tipos de câncer – diz a nutricionista.
Versão caseira é a melhor saída
Com a desculpa de aumentar a formação de colágeno – molécula que deixa a pele, os ossos e os tendões fortes e elásticos – muitas pessoas ainda apostam na gelatina. No entanto, Simone Hickmann Flôres, doutora em Engenharia de Alimentos do Instituto de Ciência e Tecnologia de Alimentos da UFRGS, destaca que o produto não traz esse benefício:
– A quantidade de colágeno que tem na gelatina é muito pequena para este fim – garante.
Logo, a melhor opção, indica Paloma, são os colágenos hidrolisados vendidos em lojas especializadas ou então o consumo de caldos feitos à base de ossos e articulações de gado ou galinha.
Outra forma de tornar a gelatina menos nociva é utilizando a versão incolor com sucos naturais, pedaços de frutas e iogurtes.
Fique por dentro
Como é feita
Aquela sobremesa colorida e atraente nada mais é do que colágeno dos ossos, cascos e tecidos de ligação de vacas ou porcos, diz Simone:
– Os fabricantes trituram essas várias partes e dão a elas um pré-tratamento com um ácido forte ou com uma base forte para quebrar as estruturas celulares e liberar proteínas, como o colágeno. Depois, a mistura é fervida, fazendo com que a grande molécula do colágeno se quebre parcialmente. O resultado é a gelatina.
A esse produto são acrescidas as cores e os sabores do pó.
Você sabia?
Usada como agente "endurecedor", emulsificador ou estabilizador, a gelatina é utilizada em diversos alimentos. De acordo com Simone, iogurtes, chicletes, balas, salsichas, sopas, cremes e sobremesas podem conter o ingrediente.
Cuidado
Bastante comum, o consumo por crianças ou idosos é bastante perigoso. Paloma explica que, nessas faixas etárias, o fígado não consegue desintoxicar bem o organismo, que fica sob efeito nocivo dos aditivos químicos.