Você sabe o que o recordista olímpico Usain Bolt e a atriz Grazi Massafera têm em comum? Ambos utilizam uma tecnologia chamada de Eletroestimulação dos Músculos (EMS). Um para melhorar o desempenho esportivo, e outra para turbinar os resultados do exercício e melhorar o corpo.
Com a promessa tentadora de dar resultados de uma hora e meia de musculação em sessões que duram apenas 20 minutos, a roupa tecnológica, chamada de miha bodytec, foi desenvolvida há 10 anos na Alemanha e já é uma realidade no treinamento de atletas de alta performance. Isso porque, diferentemente das atividades tradicionais – que atingem só as três primeiras camadas dos músculos –, o aparelho chega a oito camadas musculares.
Leia mais:
Exercício no frio emagrece mais: veja motivos para se mexer no inverno
Treinos muito curtos e intensos ganham adeptos no mundo fitness
– Por mais treinamento que o Bolt faça, ele não vai conseguir atingir determinadas regiões – conta Claudia Fachin, profissional de Educação Física e única autorizada a usar o equipamento na região Sul do país.
Assista ao vídeo:
Os resultados aparecem na hora, ou melhor, após 20 minutos. Experimentei o aparelho na tarde desta quinta (6) e posso atestar: não é moleza. Vestindo uma roupa de tecido especial colada ao corpo e, depois, o colete com 18 eletrodos mais as faixas que são conectadas à máquina, treinei por apenas 20 minutos, O resultado final foi muito suor – parecia que tinha corrido uma maratona –, bumbum mais em pé (confirmado pela fita métrica, que comprovou mais dois centímetros), e, no dia seguinte, aquela dor intensa em cada pedacinho do corpo.
Como o aparelho simula uma força contrária ao nosso movimento, um simples exercício para bíceps sem nenhuma carga se torna uma tarefa difícil de ser cumprida. Não dá formigamento, não dá coceira, não dá choque. O mais perto de descrever a sensação de dificuldade seria dizer que é algo como "nadar contra a maré".
– A máquina causa uma pressão muscular, ativando 300 músculos por segundo, incluindo a palma da mão, pulso e joelho – descreve Claudia.
Bolt usando a tecnologia:
Mas não espere resultados extremos em uma sessão. A tecnologia não é um milagre, tampouco cirurgia plástica. Aos poucos, os músculos são fortalecidos, o percentual de gordura é reduzido e as circunferências diminuem. Mas para isso, é preciso, no mínimo, quatro aulas. O mais recomendado é combinar o uso do aparelho com mais um dia de musculação e atividades aeróbicas.
Tecnologia vai além do uso estético
Bastante difundido na Europa, o equipamento chegou ao Brasil em 2016, mas os holofotes só se voltaram para a maquininha depois que celebridades como Giovanna Ewbank, Angélica, Xuxa e Grazi Massafera apareceram vestindo o colete tecnológico. Liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o miha bodytech pode ser usado para fins esportivos e também médicos.
– Achamos que o miha tem um potencial muito grande para pessoas que tem alguma necessidade especial. Obesos mórbidos, por exemplo, que precisam cuidar das articulações e emagrecer. Ou idosos com problemas articulares severos que precisam fortalecer a musculatura – enumera Matheus Ferrareze, profissional de Educação Física e pesquisador do equipamento aqui no Estado.
Outro campo que ainda pode ser explorado, segundo Ferrareze, é no tratamento de incontinência urinária. Como a corrente atinge a musculatura mais profunda, o aparelho pode auxiliar pessoas que têm o problema ou até mesmo mulheres no período pós-gestação para fortalecimento do assoalho pélvico. Quando usado em baixas frequências, o equipamento também serve para analgesia, relaxamento e reabilitação de diversos problemas musculares.
Profissionais devem ser habilitados para usar a tecnologia
Embora não ofereça riscos ao usuário, o miha não pode ser usado de forma indiscriminada. A recomendação é de apenas uma sessão por semana, combinada a outras atividades aeróbicas. Pessoas com marca-passo e diabetes severa e gestantes não podem utilizar o equipamento.
É bom lembrar que somente profissionais treinados e certificados pela empresa alemã podem utilizar o aparelho com segurança. Na região Sul, somente Claudia é autorizada para trabalhar com o miha. Cada sessão avulsa, oferecida no estúdio situado no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre, custa R$ 150. Um pacote com quatro sessões sai R$ 480.