Assim como grande parte do Uruguai, Montevidéu tem um ritmo desacelerado. Na verdade, não há uma infinidade de atrações turísticas na capital uruguaia, ainda mais com crianças. Tá, mas então, o que faz Montevidéu ser imperdível?
Nesse último verão, acordamos em Punta del Este com chuva e decidimos fazer um bate e volta em família, de carro, a Montevidéu. Em pouco mais de uma hora, estacionamos o veículo em uma garagem na área histórica da Ciudad Vieja (Cidade Velha). E, como ainda chovia, nos acomodamos em seu café mais antigo, fundado em 1877 e reduto de intelectuais uruguaios, o Café Brasileiro.
Depois de estudarmos nosso mapa acompanhados de medialunas, seguimos o circuito a pé pela Ciudad Vieja. A chuva começava a dar trégua, e garantimos nossa selfie em família na Puerta de la Ciudadela, porta que restou da fortaleza que protegia a cidade no passado. Junto à porta está o cartão-postal de Montevidéu, a Plaza Independencia, que tem em seu centro o monumento e mausoléu do herói nacional General José Artigas. No entorno da praça, prédios comerciais e governamentais e um ícone arquitetônico, o Palacio Salvo, edifício famoso que já foi o mais alto da América do Sul.
A poucos passos da praça está outro patrimônio do Uruguai, o Teatro Solís. Agendamos uma visita guiada para as 11h. Antes do tour, meu caçula, então com nove anos, comentou: "Juro que não entendo o motivo de irmos ao teatro se não vamos ver uma peça". Mas foi só a guia começar a contar curiosidades sobre o Solís que o guri foi se interessando. Ficou todo feliz quando acertou a pergunta feita aos visitantes sobre o peso do lustre de cristal Baccarat no centro da plateia (500 quilos).
O passeio pela via de pedestres Sarandí foi o nosso próximo destino do dia. Na rua, há lojas, bons restaurantes e antigas fachadas. Aliás, se a fome com charme bater por lá, confira o Sin Pretensiones, Jacinto, Estrecho ou o La Corte. No nosso caso, bateu a fome com a tradição. E lá fomos nós, saltitantes, ao Mercado del Puerto e suas parrillas. Sentamos na barra (balcão) do El Palenque, restaurante queridinho entre locais e turistas.
À tarde, partimos de carro rumo ao Estádio Centenário, declarado pela Fifa como monumento histórico do futebol. Ele foi construído para a primeira Copa do Mundo, em 1930. Além da área interna do estádio, é possível visitar o Museu do Futebol com acervos de camisetas, taças, fotografias e outras poeiras.
O tempo feio não colaborou para que visitássemos o Parque Rodó ou as praias de Pocitos e Carrasco. Mas percorremos de carro a Rambla (calçadão à beira do Rio da Prata) e tiramos uma foto clichê nos letreiros de Montevidéu em Pocitos.
Por fim, pergunto aos meus filhos o que mais gostaram do dia em Montevidéu e eles respondem: o dia. Pois é, foi mesmo um dia especial. Um passeio cultural e sossegado, sem grandes apelos ao consumo. O meu palpite é que o imperdível de Montevidéu é a sua tranquilidade. Um vizinho de respeito que fascina por ser discreto e valorizar a sua memória. E ainda: por estar em uma posição que inveja os brasileiros – a de país menos corrupto da América Latina.