Vida

Na folga

Alexandra Aranovich: o imperdível em Montevidéu

Um vizinho que fascina por ser discreto e valorizar sua memória

Alexandra Aranovich

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Plaza Independencia, onde há um mausoléu do herói nacional General José Artigas, é cartão-postal da cidade

Assim como grande parte do Uruguai, Montevidéu tem um ritmo desacelerado. Na verdade, não há uma infinidade de atrações turísticas na capital uruguaia, ainda mais com crianças. Tá, mas então, o que faz Montevidéu ser imperdível?

Nesse último verão, acordamos em Punta del Este com chuva e decidimos fazer um bate e volta em família, de carro, a Montevidéu. Em pouco mais de uma hora, estacionamos o veículo em uma garagem na área histórica da Ciudad Vieja (Cidade Velha). E, como ainda chovia, nos acomodamos em seu café mais antigo, fundado em 1877 e reduto de intelectuais uruguaios, o Café Brasileiro.

Depois de estudarmos nosso mapa acompanhados de medialunas, seguimos o circuito a pé pela Ciudad Vieja. A chuva começava a dar trégua, e garantimos nossa selfie em família na Puerta de la Ciudadela, porta que restou da fortaleza que protegia a cidade no passado. Junto à porta está o cartão-postal de Montevidéu, a Plaza Independencia, que tem em seu centro o monumento e mausoléu do herói nacional General José Artigas. No entorno da praça, prédios comerciais e governamentais e um ícone arquitetônico, o Palacio Salvo, edifício famoso que já foi o mais alto da América do Sul.

A poucos passos da praça está outro patrimônio do Uruguai, o Teatro Solís. Agendamos uma visita guiada para as 11h. Antes do tour, meu caçula, então com nove anos, comentou: "Juro que não entendo o motivo de irmos ao teatro se não vamos ver uma peça". Mas foi só a guia começar a contar curiosidades sobre o Solís que o guri foi se interessando. Ficou todo feliz quando acertou a pergunta feita aos visitantes sobre o peso do lustre de cristal Baccarat no centro da plateia (500 quilos).

O passeio pela via de pedestres Sarandí foi o nosso próximo destino do dia. Na rua, há lojas, bons restaurantes e antigas fachadas. Aliás, se a fome com charme bater por lá, confira o Sin Pretensiones, Jacinto, Estrecho ou o La Corte. No nosso caso, bateu a fome com a tradição. E lá fomos nós, saltitantes, ao Mercado del Puerto e suas parrillas. Sentamos na barra (balcão) do El Palenque, restaurante queridinho entre locais e turistas.

À tarde, partimos de carro rumo ao Estádio Centenário, declarado pela Fifa como monumento histórico do futebol. Ele foi construído para a primeira Copa do Mundo, em 1930. Além da área interna do estádio, é possível visitar o Museu do Futebol com acervos de camisetas, taças, fotografias e outras poeiras.

O tempo feio não colaborou para que visitássemos o Parque Rodó ou as praias de Pocitos e Carrasco. Mas percorremos de carro a Rambla (calçadão à beira do Rio da Prata) e tiramos uma foto clichê nos letreiros de Montevidéu em Pocitos.

Por fim, pergunto aos meus filhos o que mais gostaram do dia em Montevidéu e eles respondem: o dia. Pois é, foi mesmo um dia especial. Um passeio cultural e sossegado, sem grandes apelos ao consumo. O meu palpite é que o imperdível de Montevidéu é a sua tranquilidade. Um vizinho de respeito que fascina por ser discreto e valorizar a sua memória. E ainda: por estar em uma posição que inveja os brasileiros – a de país menos corrupto da América Latina.

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