Nos consultórios de nutrição, uma frase é clássica na lista de reclamações dos pacientes: "Estou comendo o mesmo que comia antes, mas agora passei a engordar". Ninguém escapa ao envelhecimento e, com ele, o metabolismo fica mais lento. Não tem jeito: para manter a forma ao longo dos anos, é preciso mudar a rotina.
Alimentação equilibrada, exercícios físicos e hábitos saudáveis, como não fumar e não ingerir bebidas alcoólicas em excesso, são os pilares já conhecidos para evitar problemas com o metabolismo ao envelhecer. Quanto mais saudáveis formos na juventude, melhor chegaremos à terceira idade.
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Até a adolescência, conforme explica o endocrinologista e professor da UFRGS Rogério Friedman, o corpo ainda está em formação, ou seja, o metabolismo não opera como na idade adulta. É dos 20 aos 30 anos, quando somos jovens adultos e já estamos com o crescimento completo, que o metabolismo energético chega ao seu ápice.
– Atingimos o auge no consumo de oxigênio, na capacidade muscular e na resistência física em geral. Também estamos no pico da nossa massa óssea – afirma o endocrinologista.
Na década seguinte, dos 30 aos 40 anos, entramos em um "momento platô", segundo o educador físico e professor da PUCRS Rafael Baptista. Dependendo do estilo de vida que conseguimos levar na década anterior, temos condições de manter o metabolismo em dia. Ou seja: pessoas com hábitos saudáveis dos 20 aos 30 anos terão mais facilidade para permanecer assim dos 30 aos 40, com poucas alterações no metabolismo. Mas a dificuldade para perder peso aumenta, de acordo com o professor:
– Nessa fase, as flutuações de peso são desafios muito maiores do que na década anterior, pois não temos a mesma facilidade de emagrecer devido ao processo de declínio hormonal natural do envelhecimento.
Dos 40 aos 50 anos, o envelhecimento segue com a queda na produção de hormônios, mas os hábitos saudáveis podem novamente desacelerar o processo. Nessa faixa etária, o corpo precisa de menos calorias, e a alimentação deve ser reorganizada para não ingerir mais do que o necessário.
– O organismo é como um carro que passa a necessitar de menos combustível para andar. Se continuarmos colocando a mesma quantidade de combustível, haverá um saldo positivo. E essa reserva, no nosso corpo, é o acúmulo de gordura – explica Friedman.
A nutricionista Yole Brasil da Luz afirma que a escolha da dieta em cada fase da vida depende de um cálculo que leva em conta a rotina e os hábitos de cada pessoa. Por isso, o ideal é ter um acompanhamento contínuo de um nutricionista. Se os hábitos mudam, é preciso também mudar a alimentação.
Metabolismo de homens e mulheres é quase idêntico
O mesmo vale para a etapa dos 50 aos 60 anos, que antecede a terceira idade. É nesse período, de acordo com Yole, que as mulheres costumam entrar na menopausa, quando a ingestão de alimentos funcionais pode auxiliar na aceleração do metabolismo.
Conforme Friedman, o metabolismo dos homens e das mulheres é quase idêntico, com diferenças sutis por causa da produção de estrogênio pelos ovários nas mulheres, e pela maior massa muscular dos homens. Durante o período fértil, elas ainda contam com a ajuda do estrogênio, que as protege do envelhecimento gradual.
O especialista dá como exemplo dois gráficos: no dos homens, o envelhecimento é linha diagonal, em uma descida ou subida constante. Já o desenho das mulheres é linear, passando por uma grande inclinação após a menopausa.
– Na faixa dos 50 aos 60 anos, a linha das mulheres apresenta uma queda mais rápida, o que fará com que acabe encontrando a dos homens. Ou seja, o envelhecimento das mulheres é mais lento no período fértil, mas acelera na menopausa, o que faz com que ambos os sexos envelheçam em ritmos parecidos depois – esclarece Friedman.
E a história de que os homens emagrecem mais facilmente do que as mulheres não passa de um mito sem comprovação científica.
– A facilidade ou não para o emagrecimento depende dos hábitos de cada pessoa, não tem relação com o sexo. Tem de ser uma operação matemática, de ingerir menos calorias do que gastamos – explica Friedman.
Para saber como ser saudável aos 20, 30, 40 e depois dos 50 anos, confira as dicas dos especialistas.