Se alguém dissesse que comer uma castanha-do-pará por dia é suficiente para prevenir o Alzheimer, você acreditaria? Embora não seja a resposta definitiva para evitar a doença, essa oleaginosa típica é um bom caminho a ser investigado na prevenção e redução do declínio cognitivo provocado pela patologia.
A resposta está na composição do fruto, rico em selênio – um poderoso antioxidante.
Leia também:
Saiba quais alimentos são aliados da memória
"Dieta assusta o cérebro", diz a nutricionista Sophie Deram
Conheça medidas que ajudam a manter a memória afiada mesmo ao envelhecer
– A atividade de enzimas antioxidantes no cérebro não é muito alta, então, precisa sempre ser suprida para garantir que haja menos oxidação. Com isso, os antioxidantes poderiam beneficiar os pacientes com problemas neurológicos – explica a professora do Departamento de Alimentos e Nutrição Experimental da Universidade de São Paulo (USP) Silvia Cozzolino.
De passagem por Porto Alegre na semana passada, Silvia participou da 24ª edição do Congresso Brasileiro de Nutrição (Conbran), onde relatou a experiência que fez em laboratório ao analisar os níveis de selênio em pacientes com Alzheimer.
– Vimos que pessoas com a doença tinham concentrações de selênio muito mais baixas que indivíduos sem o problema. Então, fizemos um estudo com pessoas com declínio cognitivo leve: demos para elas, durante seis meses, uma castanha do Brasil por dia, com uma concentração de selênio que chegava a quase 300 microgramas, e observamos que houve melhora no quadro e também na fluência verbal – relata a pesquisadora.
O próximo passo da pesquisa será analisar se pessoas que ainda não têm a doença, com ou sem tendência genética a desenvolvê-la, podem ser beneficiadas pelo alimento.
Mirtilo é um superprotetor cerebral
Não é de hoje que a prevenção do Alzheimer passa pelo prato. No ano passado, a epidemiologista nutricional americana, da Rush University Medical Center in Chicago, Martha Clare Morris desenvolveu uma dieta cuja promessa é reduzir em 53% os risco da doença em pacientes que a seguem à risca e em 35% para quem a segue moderadamente.
Batizada de Mind, a dieta é um híbrido das já conhecidas Mediterrânea e DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension, ou abordagens dietéticas para parar a hipertensão). Reconhecidas por melhorar as condições cardiovasculares, elas também demonstraram proteger contra a demência.
– Uma das coisas mais empolgantes é que as pessoas que aderiram, ainda que moderadamente, à dieta Mind tiveram uma redução no risco Alzheimer – disse Martha ao site do centro médico.
Para a Mind, os alimentos essenciais e "amigos do cérebro" são: folhas verdes (espinafre, couve etc), vegetais em geral, oleaginosas, "berries" (frutas vermelhas, especialmente o mirtilo), feijões, grãos integrais, peixes, aves, azeite e vinho. A ideia é ingerir diariamente ao menos três porções de grãos integrais, uma de salada verde e de uma de outro vegetal, uma de feijão e uma taça de vinho.
Entre as refeições, os lanches podem ser feitos com oleaginosas. Duas vezes por semana é bom incluir aves e "berries", enquanto os peixes devem aparecer, no mínimo, uma vez por semana. Vale destacar que, de acordo com Martha, o mirtilo é uma das frutas mais potentes na função de proteger o cérebro contra problemas neurológicos.
Nesta lista também entram aqueles alimentos nem tão amigáveis assim – que não são proibidos, mas devem ser consumidos com moderação. Entre os itens estão: carne vermelha, manteiga e margarina, queijo, doces e frituras. Eles devem ser ingeridos menos de uma vez por semana, segundo os criadores da Mind.
Como é simples e não exige muita rigidez, o cardápio pode ser colocado em prática com facilidade, garantindo, assim, a saúde do cérebro.