Defensora do emagrecimento sem dietas, a nutricionista e engenheira agrônoma Sophie Deram estuda há 20 anos assuntos como nutrição e neurociência do comportamento alimentar. Francesa naturalizada brasileira, ela é autora do best-seller "O peso das dietas", no qual ensina como fazer as pazes com a comida e obter uma perda de peso sem sofrimento e restrições alimentares.
A especialista é uma das palestrantes confirmadas da 24ª edição do Congresso Brasileiro de Nutrição (Conbran), considerado o maior evento do segmento da América Latina. O encontro incia nesta quarta-feira e segue até sábado, no centro de eventos da Fiergs, e terá participação de profissionais de todo o Brasil e do Exterior, para um público estimado de quatro mil profissionais.
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Antes de desembarcar em Porto Alegre, Sophie conversou por telefone com Zero Hora e explicou por que é contra as dietas. Confira a entrevista.
Por que você é contra dietas restritivas?
Dieta é o que mais assusta o cérebro, gera maior estresse. Todo mundo está tirando glúten, lactose. Isso agride o corpo, pois ele não tem a "gasolina" certa. Ameaçado, começa a fazer uma série de adaptações para viver. Então aumenta a fome, diminui o metabolismo, a pessoa fica obcecada por comer e usa o alimento para tudo: quando está ansiosa, triste, com tédio. E acaba comendo muito.
Se não devemos seguir estes tipos de dieta, qual é o caminho para emagrecer?
Antes de querer emagrecer a todo custo é preciso fazer uma avaliação e entender por que engordou e analisar se a pessoa realmente precisa perder peso. Tenho pacientes que fizeram dietas para perder três quilos e acabaram com 30 a mais. Então, é necessário analisar se precisa emagrecer de verdade. Também deve-se analisar se a pessoa não tem hipotireoidismo porque, nesse caso, não é uma dieta que vai resolver. Depois, se começa a retomar a consciência do corpo: entender a fome, a saciedade, perguntar para quê estou comendo. Estou com fome ou estou com emoções?
Como fazer as pazes com o corpo quando não se está satisfeito com o que se vê no espelho?
É muito difícil. Quase toda mulher está insatisfeita com o corpo e busca modelá-lo com essas ferramentas. Existe uma confusão do conceito de saúde, beleza e magreza. Parece que, quanto mais magra, mais saudável e bonita. Mas não é. É da natureza da mulher ter gordura. Se não tiver, ela para de menstruar, por exemplo. É preciso parar de acreditar em tudo que se lê e vê na internet, rever as suas crenças e buscar sites com autoridade de profissionais que têm conhecimento.
Há alguma dieta em que você realmente confie?
Não sou favor de restrição, mas de comer bem. Alimentação é estilo de vida: comer bem, de tudo, sem culpa, sem restrição e com prazer, respeitando fome, saciedade e emoções. Estamos respeitando cada vez menos o nosso corpo. Se a gente não dá comida, ele manda comer. Toda pessoa que faz dieta volta a engordar. Quem não engorda, entra em transtorno alimentar.
Existem vilões na alimentação?
Eu não acredito que existam alimentos bons e ruins. Podem haver alimentos de melhor qualidade nutricional, sim. São aqueles da natureza, que você acha na feira. Agora, os ultra processados da indústria não são tão interessantes do ponto de vista nutricional, no entanto, dão um prazer que a gente não deveria negar também. Veneno é veneno mesmo.
Dê três dicas para emagrecer de forma saudável
Primeira: diga não à dieta. Segunda: coma alimentos mais verdadeiros e menos industrializados. Terceira: cozinhe.