Imagine você tendo de passar a conviver com um inimigo silencioso, sorrateiro, ardiloso, venal, cruel e extremamente destruidor. Dá medo, não? Tira o sono? Preocupa? Óbvio que sim. Algo que atua como um fantasma, rondando a sua vida e te deixando fora do prumo. Com grande potencial de sugar suas forças e com um poder altamente degenerativo. Após a bateria de exames do Te Mexe, Gigante!, descubro que adquiri diabetes mellitus.
Nome bonitinho, mas de uma doença ordinária. Só que ela só passou a fazer parte da minha vida pelos meus maus hábitos alimentares e por fatores genéticos. Os Périco têm no seu DNA a presença desse monstro, pronto para dar o sinal de vida. Tipo a fagulha à espera da gasolina. E já confessei aqui no Vida que me esmerei, potencializando a minha obesidade, transformando-a em algo perigoso para a minha saúde.
O diabetes tipo 2 passou a ser o alvo principal a ser atacado pelo endocrinologista do Hospital Moinhos de Vento Guilherme Rollin. Medicação forte, restrição total de açúcares e carboidratos na alimentação e atividade física. Pra ontem! Adeus chocolates, sorvetes, balas, pizzas, massas, iogurtes, refrigerantes, cervejas, pudins de leite condensado, torta de bolacha e milk-shakes. Agora é tudo muito verde, diet, zero açúcar, com adoçante, com farinha integral e desnatado.
A vontade de ingerir essas coisas maravilhosas do passado acaba passando na medida em que se pensa nas consequências nefastas do diabetes no meu organismo. Um abuso num rodízio de pizza significa alto risco de um acidente vascular cerebral, uma lesão da retina com risco de perda da visão, uma insuficiência renal e a necessidade de diálise, ou, quem sabe, a má circulação sanguínea nos membros, o que pode levar a amputação. Fora a impotência sexual. Ou seja: um verdadeiro filme de terror!
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Conviver com o diabetes ainda é um aprendizado permanente. A mudança dos hábitos alimentares é algo que precisa de muita força de vontade e que, agora, será para sempre. Além dos cuidados com a dieta, a medicação e o exercício, é necessário um controle diário do diabetes, com exames feitos em casa. Algo dolorido e inconveniente.
Repetitivamente chato! Se faz um furinho na ponta de um dedo, até sair uma gota de sangue. Ela é colocada em uma espécie de palheta. Depois, a plaquinha é inserida em um aparelho que apresenta o índice do diabetes no sangue. Confesso que já estou com alguns dedos da mão esquerda todos furados. Felizmente, quando o número no visor aparece menor do que 99mg/dl, o alívio é grande. Mais ou menos como exorcizar um fantasma que veio me assombrar aos 40 anos. Só que agora essa é minha vida, meu desafio, o meu novo mundo!