"A feira orgânica não é uma dica de programa que faço com a família, mas para a família." Há uns quatro anos, a Zero Hora fez um caderno alusivo aos 240 anos de Porto Alegre. Entrevistou 240 pessoas que moram na capital gaúcha para descobrir os cantinhos especiais de cada um. Entre os entrevistados estava Euzinha da Silva. Até hoje, afora a minha casa, o lugar que me faz mais feliz em Porto Alegre é o mesmo que citei naquele caderno: a Feira Orgânica da Redenção (ou Feira dos Agricultores Ecologistas). Não é uma dica de programa que faço com a família, mas para a família.
Enquanto você acorda para ler o seu jornal, já peguei as minhas sacolas bem cedo, por volta das 8h, e me mandei para o Bom Fim. Normalmente, inicio pela Banca dos Feijões, ponto mais próximo da Osvaldo Aranha, onde compro o feijão preto com gosto de infância (e de segunda-feira na minha casa!). Um pouco mais adiante, está a Banca dos Ovos, a dos cogumelos frescos, a da fartura de temperos e de tantas outras bancas com verdes e verduras da estação. Já ficou famoso o suco de laranja e o de bergamota espremido na hora da Associação Companheiros da Natureza, um clássico junto aos pães de linhaça do Nelson, que fica coladinho nas diversas barracas de mel.
Na Banca das Raízes, o simpático Mauro, de Morrinhos do Sul, exibe sua novidade: pitaia, fruta exótica da família dos cactos, cheia de benefícios para saúde, e de um colorido impressionante.
Bellé, Stefanoski, Hattori. Grande parte das bancas tem nomes de família, o que já aproxima ainda mais o produtor do consumidor. É só puxar um papo que eles explicam com orgulho como e de onde vem essa produção rica e saudável. Cristiane, da família Stefanoski, investiu em batatas e raízes após um estudo feito por um professor da UFRGS que comprovou a aptidão do solo de Cerro Grande do Sul e arredores para o plantio e sabor único desse vegetal. Prove as batatas da tenda e você sentirá a diferença. A minha preferida é a batata-moranga ou batata americana (uma raridade no mercado brasileiro).
Chips de banana verde, inhame, brotos, alface romana, tomate cereja amarelo, mandioquinha branca, enfim, a variedade de sabores e produtos é grande. Não sou nutricionista, chef de cozinha ou engenheira agrônoma, mas como mãe de família preciso destacar o valor dessa feira diante de um país campeão mundial no uso de agrotóxicos.
Para mim, todo mundo que planta, vende e cozinha sem veneno é gente do bem. E mais ainda: gente que me faz bem. O bem-estar não está estampado apenas no certificado orgânico pendurado nas inúmeras barraquinhas. Mas também, e principalmente, na cara e no astral dos feirantes que lidam com a terra de uma forma especial. Buscam o respeito pela vida e pela natureza. Carrego minhas baterias enquanto caminho pelo corredor de tendas amarelas e laranjas entre as árvores da José do Bonifácio. As sacolas pesam, mas o que trago para casa é a leveza dessa terapia verde e cheia de saúde. Recomendo.
E para quem achou que a coluna de hoje está muito natureba, aí vai a sugestão de um programa cheio de dicas para curtir a folga em família: dia 18 de junho, às 16h30min, vou estar em Canela com mais cinco blogueiras gaúchas (feras em viagem em família). Vai rolar um bate-papo sobre férias com filhos no Hotel Laje de Pedra. Bora prestigiar o encontro?