Mudar hábitos não é uma tarefa simples. Exige esforço, dedicação, força de vontade. Mas Luciano Périco, repórter da Rádio Gaúcha, aceitou o desafio de buscar uma vida mais saudável. A motivação – além, é claro, de alcançar mais bem-estar – é única: conduzir a tocha olímpica, em junho, em sua passagem pelo Rio Grande do Sul.
Acompanhado por uma equipe multidisciplinar do Hospital Moinhos de Vento, Lucianinho vai encarar uma nova rotina, repleta de exercícios físicos, dieta equilibrada e controle do peso. É o desafio Te Mexe, Gigante! Até maio, o jornalista vai nos contar como é viver essa experiência. Acompanhe.
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A vida começa aos 40. Será?
Talvez essa seja somente uma frase bonita. Quem sabe, para sofrermos menos com a ideia de que o tempo está passando. Só que a vida é movida a desafios. Sem eles, fica fácil hibernar na zona de conforto. Esse é o perigo. Principalmente quando o quesito é saúde e envelhecimento. Todos os excessos de hoje serão cobrados no futuro. E aí, meus amigos, pode ser tarde demais.
Tenho convicção de que fui acordado na hora certa. Pelo ritmo do meu trabalho, de horas sentado dentro de um estúdio, longas jornadas externas com muito tempo em pé e viagens que mudam muito a rotina, nos últimos 18 anos aprimorei uma vida dedicada ao “lixo”. O que seria esse “lixo”? Comer errado, fora de hora, em exagero, abusando de frituras, gorduras e carboidratos (massas e pizzas), com açúcar em excesso em suas mais variadas formas (chocolate, bala, sorvete, doces), refrigerantes, sal, cerveja, fast food... Quase uma dieta de avestruz. Ou suicida!
Como naquela música do Erasmo Carlos: "Tudo o que eu gosto é ilegal, é imoral ou engorda". E tudo isso acompanhado de um sedentarismo, que leva a ganho de peso, complicações cardíacas, diabetes e uma série de enfermidades que podem aparecer, e que os médicos, melhor do que ninguém, podem enumerar e explicar. Só sei que estava na hora de dar um basta. Mas eu mesmo não tinha iniciativa para resolver a questão. Era um acomodado total. Empurrando, literalmente, com a barriga. O começo do processo surgiu na redação da Rádio Gaúcha. O coordenador de esportes, Rafael Cechin, projetando atividades para a cobertura olímpica dos Jogos do Rio 2016, propôs fazermos uma série de matérias, para TV, rádio, jornal e internet, mostrando que, em tempos de Olimpíadas, em que o esporte está em evidência, qualquer pessoa pode ter uma vida mais saudável, fazendo uma atividade física e tendo cuidados na alimentação para ter um presente melhor e um futuro promissor. Tudo isso teria como pano de fundo a condução da Tocha Olímpica no seu tour pelo Brasil, da qual vou participar, com muito orgulho, em sua passagem pelo Rio Grande do Sul.
É o projeto Te Mexe, Gigante!. O objetivo não é me transformar num personagem de reality show, sarado, com a barriga trincada, que consegue fazer cem flexões e correr a maratona de Nova York. A meta é ter uma vida mais saudável, praticando uma atividade física e com uma alimentação mais adequada. E mostrar que isso é possível para todo mundo: gordos, magros, jovens, idosos, bonitos, feios, altos, baixos.
Time escalado para o grande desafio
No primeiro momento, relutei. Não queria a exposição da minha situação de obeso, sedentário e glutão. Depois de inúmeras conversas, resolvi topar o desafio. Um grupo médico do Hospital Moinhos de Vento, escalado pela Shirlei Manteufel, do marketing da instituição, foi chamado para dar suporte. O médico endocrinologista Guilherme Rollin foi indicado como o capitão do time, com as presenças do cardiologista Charles Stefani, do ortopedista Flávio do Canto e da nutricionista Fernanda Schumacher. Completando a “seleção da salvação do Lucianinho”, o educador físico Alexandre Travi, da Optima Fitness. Um timaço!
Equipe formada, vamos para o ataque! Primeiro: um verdadeiro check-up do gigante. Exames de sangue, cardiológicos, de esforço, raio-X de articulações. Tudo para mapear o estado do paciente. Com base nisso e com alguns resultados do exame de sangue que ficaram muito além do padrão, viu-se a necessidade de administrar uma medicação, colocar em andamento uma dieta e iniciar prática física. Para ontem!
Agora, o marasmo é atacado em três frentes. Receber a informação de que é necessário tomar um remédio de forma contínua dá uma sensação estranha. Tu te sente uma pessoa doente. E mudar a cabeça passando a resistir a tentações como uma cerveja bem gelada, uma torta de sorvete, aquela caixa de quindins feita pela mulher do motorista Cruz, um xis com bacon, a maionese que acompanha a costela gordinha do churrasco, a batata e a polentinha fritas, ou um simples cacetinho com manteiga, presunto e queijo. Isso é um duro golpe para quem gosta de comer. A vida segue para uma estrada de privações de muitas coisas!
Depois, ainda encarar, pela primeira vez, uma academia. De cara, o personal (com o perdão da repetição) personifica o carrasco, com seus exercícios que mexem em músculos atrofiados, e testando o fôlego na esteira. Força, suor e lágrimas. A dor do esforço passa a fazer parte da rotina.
O que serve de consolo é que tudo isso será para o bem. Alguns resultados já são positivos. Mas ainda há muito caminho pela frente. É mais ou menos como num filme de sucesso de 1985: O Primeiro Dia do Resto de Nossas Vidas. Recomeçar não é fácil, mas sempre é tempo de retomar. A vida, realmente, pode começar aos 40.
A série que não acaba
A meta estabelecida por Lucianinho na série Te Mexe, Gigante! é audaciosa, mas não envolve números. O objetivo não é alcançar um peso específico, reduzir taxas ou ganhar massa magra. O objetivo é mudar o estilo de vida.Para isso, Luciano realizou uma avaliação médica, na qual os profissionais analisaram o seu quadro de saúde, seu histórico clínico e familiar e as complicações associadas à obesidade. Também foram realizados diversos exames. Assim, uma nova dieta, exercícios físicos e alguns medicamentos passaram a fazer parte da rotina de Lucianinho.
– O enfoque é mais que o peso. O emagrecimento é uma consequência desse programa. Nossa proposta é que a mudança do Luciano sirva de incentivo para mais pessoas – descreve o endocrinologista Guilherme Rollin, que lidera a equipe multidisciplinar do Hospital Moinhos de Vento.
A série Te Mexe, Gigante!, portanto, não acaba em maio. A meta é realizar uma mudança plena, que perdure por muitas Olimpíadas.
COMO ACOMPANHAR
– Na Rádio Gaúcha: semanalmente, nos programas Gaúcha Hoje e Sábado Esporte
– Na RBSTV: semanalmente, no Jornal do Almoçou
– Em ZH: no caderno Vida, com fotos e depoimentos