O Ministério da Saúde começa esta semana um serviço de atendimento para mapear as condições de atendimento dos bebês que estão com suspeita ou com diagnóstico confirmado de microcefalia. Nos próximos dias, uma equipe de 40 atendentes da pasta vai ligar para todas as famílias para saber, por exemplo, quais exames foram feitos, quais ainda necessitam ser realizados, se já há uma data marcada para o atendimento.
– Temos um cadastro com todos os pacientes. A ideia com esse contato é obter, a partir dos relatos, um panorama sobre quais as dificuldades enfrentadas por essas famílias para o acesso ao tratamento – conta o secretário de Atenção à Saúde, Alberto Beltrame.
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O mapeamento, de acordo com Beltrame, servirá também para aprofundar o diálogo com secretarias.
– Teremos um diagnóstico sobre os principais entraves e, com isso, podemos propor soluções conjuntas.
A equipe do ministério também vai verificar se as crianças com suspeita de microcefalia já estão recebendo as orientações necessárias. A recomendação é que todos os casos suspeitos recebam orientações e acesso a tratamento. Especialistas consideram fundamental que bebê com a doença receba, desde os primeiros dias de vida, estímulos para auxiliar no desenvolvimento cognitivo e motor. São exercícios simples, para estimular a visão, a audição e o fortalecimento do pescoço, por exemplo.
– Essa é uma ferramenta importante, que não pode ser desperdiçada – disse Beltrame.
O mapeamento da situação dos bebês com suspeita de microcefalia ou com a confirmação da doença é adotado três meses depois da decretação de situação de emergência de saúde no País. Beltrame admite que, no início, não se imaginava que haveria dificuldades de acesso a tratamento e diagnóstico. A equipe que fará as ligações recebeu um treinamento específico, para saber abordar o tema da melhor forma possível com familiares.
Agentes comunitários devem orientar famílias de bebês com microcefalia
Embora descarte a falta de infraestrutura para diagnóstico, o secretário de Atenção à Saúde, Alberto Beltrame, reconhece a necessidade de se ampliar a rede para prestar atendimento aos bebês com microcefalia.
– O aumento será necessário, mas não algo de grande vulto – avalia.
Além do aumento de vagas, o governo prepara cursos de capacitação. O ministério quer que parte das orientações seja feita por agentes comunitários de saúde.
– As diretrizes são simples. O ideal é que a mãe seja orientada sobre como fazer parte dos estímulos do bebê – justifica. –Não há razão para que essa atribuição fique concentrada a alguns profissionais – completa.
Cartilhas estão sendo preparadas para familiares e para agentes de saúde. Cursos para fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e enfermeiros começam no próximo mês. O conteúdo deverá ficar disponível na internet. Desde que a epidemia teve início, foram habilitados 12 centros de atendimento. A expectativa é que outros 65 serviços sejam habilitados neste semestre.
– Estamos preparando entendimentos com sociedades como Apae, AACD e Pestalozzi para saber o quanto elas poderiam atender.
Uma reunião deverá ser realizada nesta semana com representantes das Apaes. Os números exatos da epidemia são necessários também para se adequar à rede. Dos 5.280 casos notificados, o Ministério da Saúde estima que só 40% sejam de fato de microcefalia relacionada à zika.
O ministro Marcelo Castro, durante um encontro com representantes do governo americano, observou que esse é o porcentual trabalhado até agora pela sua pasta - contrariando o que ele próprio havia dito pouco tempo antes de que "a maioria" dos casos notificados de microcefalia no País eram relacionados à zika. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.