Doenças psiquiátricas como o transtorno bipolar e a depressão estão frequentemente associadas a distúrbios metabólicos como a diabetes tipo 2, a dislipidemia (lipídeos em níveis elevados) e a obesidade. A correlação foi observada por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em trabalho recentemente publicado no Journal of Psychiatric Research.
Os dados do estudo feito com 59 portadores de transtorno bipolar apontaram que os pacientes com níveis considerados baixos de adiponectina - hormônio produzido pelo tecido adiposo que ajuda a regular o metabolismo de glicose e de lipídeos - apresentavam um quadro psiquiátrico mais grave do que aqueles com níveis mais altos dessa proteína.
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- No histórico desses pacientes com baixa adiponectina, observamos maior frequência de episódios de humor alterado, maior número de internações psiquiátricas, persistência de sintomas depressivos e pior funcionamento psicossocial. Eles também tinham mais distúrbios metabólicos, como intolerância à glicose, diabetes e dislipidemias - afirma a professora da Escola Paulista de Medicina Elisa Brietzke, coordenadora do projeto apoiado pela FAPESP.
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Se os achados forem confirmados por estudos futuros, avaliou Brietzke, a dosagem de adiponectina no sangue de pacientes com transtorno bipolar poderá funcionar como um biomarcador auxiliar no prognóstico e no tratamento - sendo que níveis baixos desse hormônio seriam um indicativo de uma doença mais grave tanto do ponto de vista psiquiátrico quanto metabólico. Além disso, segundo a pesquisadora, os resultados abrem caminho para novos estudos voltados a testar intervenções que modulem os níveis de adiponectina nos pacientes bipolares.
* Zero Hora
Saúde
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Pesquisa da Unifesp mostram que pacientes com baixo nível do hormônio adiponectina têm maior alteração de humor e persistência de sintomas depressivos
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