Um estudo feito por pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz do Rio de Janeiro confirmou a presença do zika vírus no líquido amniótico de duas mulheres que tiveram sintomas da doença durante a gravidez e cujos fetos tinham microcefalia.
A pesquisa foi publicada nesta quarta-feira na revista científica The Lancet Infectious Diseases. O resultado do trabalho reforça a suposta associação entre o zika e os casos de microcefalia em recém-nascidos no Brasil. Além disso, a pesquisa sugere que o vírus pode atravessar a placenta, tornando-se um potencial agente infeccioso para os fetos. Pesquisadores, no entanto, alertam que o estudo não é suficiente para confirmar a ligação do vírus com a doença.
– Até entendermos o mecanismo biológico ligando a zika à microcefalia, não podemos ter certeza que um causa o outro, e mais pesquisas precisam ser feitas urgentemente – disse Ana de Filippis, uma das autoras do estudo, a BBC.
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Para realizar o estudo, especialista analisaram amostras de líquido amniótico de duas grávidas da Paraíba – ambas estavam na vigésima oitava semana de gestação. Uma das mulheres havia apresentado sintomas de zika na décima oitava semana de gravidez, a outra, na décima.
Na semana passada, uma pesquisa publicada no News England Journal of Medicine, produzida por investigadores eslovenos, identificou o vírus no tecido cerebral do feto de uma mulher que havia contraído o vírus no Brasil – o feto tinha malformação no crânio. O estudo tornou ainda mais forte as evidências da relação entre o zika e a microcefalia.
Também na última semana, o Centro de Controle de Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos anunciou que o vírus foi encontrado nos cérebros de dois bebês que morreram de microcefalia no Brasil logo após o nascimento e de dois fetos, portadores da mesma condição.