Barrett Treadway tem três anos e meio e nunca foi uma grande dorminhoca, mas seu sono piorou muito no último ano. Ela acorda várias vezes à noite e normalmente vai para a cama dos pais, atrapalhando o sono deles.
- Sabíamos há muito tempo que ela roncava, mas só quando viajamos juntas e dormimos na mesma cama foi que percebi que não era só o ronco. Ela parou de respirar várias vezes, e então voltava, com um ronco alto que muitas vezes a acordava, e eu não consegui dormir a noite toda - disse Laura, a mãe da menina.
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Barrett tem apneia do sono, uma condição mais frequentemente diagnosticada em adultos e geralmente associada à obesidade. O quadro é também mais comum em crianças com sobrepeso, mas a menina é jovem e magra.
Na maioria dos casos, o problema ocorre quando, durante o sono, as vias aéreas da criança são temporariamente obstruídas pelo aumento de amígdalas ou de adenoides, ou ambos, daí a nome apneia obstrutiva do sono. Quando a respiração para durante 10 segundos ou mais, o nível crescente de dióxido de carbono no sangue faz o cérebro assumir o controle e reiniciar a respiração, normalmente acompanhado de um ronco.
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Especialistas dizem que, entre 1% e 3% das crianças têm apneia do sono que, se não for tratada, pode atrapalhar muito mais do que apenas as noites de descanso da família. Crianças que apresentam esse problema simplesmente não dormem o suficiente para assegurar seu desenvolvimento normal. A condição pode resultar em hiperatividade e problemas de atenção na escola que são, muitas vezes, confundidos com o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade e podem ser erroneamente tratados com remédios que só pioram o quadro.
Crianças com esse problema podem apresentar grande sonolência durante o dia. A memória infantil, seu desenvolvimento cognitivo, a capacidade de aprender e seu QI podem sofrer também. A irritabilidade durante o dia não é incomum.
Desempenho escolar pode ser prejudicado
Quando o problema é tratado, a criança costuma apresentar melhora e recuperar possíveis atrasos de desenvolvimento. Mesmo assim, pode haver efeitos sutis de longa duração, informou David Gozal, especialista em sono infantil, em 2008, no periódico Seminars in Pediatric Neurology. Uma pesquisa anterior havia mostrado que "crianças que roncam alto e com frequência na primeira infância tinham risco maior de apresentar baixo desempenho escolar mais tarde, bem depois de o ronco ter sido resolvido".
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Segundo Gozal, o ronco não deve ser visto como uma característica normal do sono das crianças.
- Mesmo que o ronco infantil não atrapalhe o sono, ele é, de fato, associado a um maior risco de déficits neurocomportamentais - explicou.
Vários estudos mostram que a hiperatividade e o comportamento desatento frequentemente afetam crianças que costumam roncar, bem como aquelas com apneia obstrutiva do sono, mas os problemas comportamentais melhoram após a cirurgia de remoção do tecido obstrutivo. Nos casos mais severos, com interrupções na respiração e no sono, o problema pode causar problemas de difícil tratamento em vários órgãos e sistemas.