Uma boa noite de sono é um sonho distante para muitos adolescentes. Uma pesquisa americana, que analisou mais de 270 mil adolescentes entre os anos de 1999 e 2012, concluiu que a duração média de sono entre eles caiu coletivamente durante os últimos 20 anos. Outros estudos constatam que os adolescentes de hoje dormem menos do que nas gerações anteriores.
As causas dessa mudança são múltiplas, mas há o consenso de que a mídia eletrônica está entre os principais fatores. Os adolescentes que passam conectados horas a fio a celulares, laptops, tablets e televisão tendem a sofrer de más noites.
Na fase da puberdade, existem mudanças no relógio biológico, que regula também os padrões de sono e vigília. Nessa fase, há um atraso natural do início do sono - dificilmente eles conseguem dormir antes das 23h. No entanto, necessitam de oito a 10 horas de sono para que sua programação biológica ocorra de modo ideal. Uma boa noite de sono serve para descansar e muito mais. É durante as fases mais profundas do sono que acontece a reorganização neuronal, essencial para capacitar o pensamento complexo do adulto. O hormônio do crescimento é secretado com maior intensidade no período noturno. A pesquisa é clara: os adolescentes que dormem o suficiente têm melhores notas e uma melhor qualidade de vida. Além disso, têm risco reduzido de ficar acima do peso ou de sofrer de alterações do humor.
Muitos dormem com seus telefones celulares em seus travesseiros e trocam mensagens até muito tarde. A produção de melatonina, hormônio que regula o sono, pode ser prejudicada por influência da luz, até mesmo da tela do celular! A iluminação de uma tela tem efeito estimulante cerebral comparável à cafeína. Assim, não é apenas o número de horas que seu filho dorme que importa, mas a qualidade do sono.
O resultado imediato é sonolência durante as atividades do dia, dificuldade de concentração e de memória e maior risco de acidentes. A longo prazo, a privação de sono traz mudanças no perfil metabólico: da insulina, da grelina e do cortisol, que resultam em aumento da fome, maior consumo calórico e consequente obesidade. Ainda, maior risco de depressão e até suicídio. Alguns tentam compensar esse déficit dormindo toda a manhã nos fins de semana, o que piora mais a situação, deixando-os com sensação constante de "jet lag", com dificuldade de acerto do fuso horário.
Para resolver, recomenda-se manter aparelhos eletrônicos fora do quarto. Evitar adormecer com TV ligada e com música em fones de ouvido. Durma no escuro! Idealmente, a última hora antes de dormir deve ser livre de dispositivos eletrônicos.
É preciso incentivar os jovens e as suas famílias a encontrar um equilíbrio saudável entre o uso de eletrônicos, exercícios físicos e técnicas de relaxamento a fim de melhorar o sono e a saúde global.