A estudante de biologia Victoria Castro, 19 anos, posava durante a sessão de fotos para esta reportagem em Zero Hora e segurava, orgulhosa, dois de seus coletores menstruais:
- Eu amo meus copinhos!
Adepta há um ano e meio desse método antigo - os primeiros produtos surgiram na década de 1930 -, a jovem se tornou uma defensora apaixonada. Hoje, ela administra uma página no Facebook, a Powerrr Cups, para disseminar a "novidade" entre as mulheres.
- Logo me adaptei e quis compartilhar a experiência com mais pessoas. A liberdade e o autoconhecimento adquiridos são uma revolução na forma com que lidamos com a menstruação - relata Victoria.
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Ela não está sozinha: no Facebook, a comunidade Coletores Brasil, que existe desde 2010, saltou de pouco mais de 2 mil membros no final do ano passado para 18 mil atualmente. Segundo a administradora do grupo, Nina Garcia, 39 anos, o boom aconteceu após o assunto ser retratado na mídia. As redes sociais ajudaram a "viralizar" a ideia que, antes, era difundida principalmente em grupos de incentivo ao consumo consciente.
Não por acaso, o coletor menstrual atrai especialmente as mulheres preocupadas com a questão ambiental e com uma forma mais orgânica de viver os dias de menstruação. Trata-se de um copinho feito de silicone flexível que deve ser dobrado e inserido na vagina. O material inerente cria um vácuo que permite coletar o sangue sem escorrer. Após um período de oito a 12 horas, ele deve ser retirado e lavado com água e sabão neutro para ser novamente utilizado. Um coletor pode durar até 10 anos, de acordo com o fabricante.
Comercializados principalmente pela internet por cerca de R$ 80, os coletores estão disponíveis em diferentes tamanhos, formatos e cores - até opções com glitter podem ser encontradas. O mercado sente a popularização: as vendas do fabricante nacional Inciclo, que oferece o produto desde 2010, aumentaram 938% no último ano.
Mas a adaptação nem sempre é fácil.
A estudante de arquitetura Luisa Krakhecke Amaro, 19 anos, confessa que teve dificuldades para se acostumar. Até encontrar a melhor maneira de inserir o acessório, teve de fazer malabarismos. Passados os entraves iniciais, hoje ela considera o copinho muito cômodo.
- Por mais desconfortável e agoniante que ele possa parecer, é bem mais prático do que os absorventes - relata Luisa.
Consumo consciente
Coletor menstrual é opção para mulheres que buscam maneira mais ecológica e natural de lidar com o fluxo
Fabricado desde a década de 1930, acessório de silicone flexível é visto com receio pelos médicos
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