O que ele perdeu em peso ganhou em quilometragem no histórico de corredor. O carioca Márcio Villar, 47 anos, já é conhecido mundialmente por fazer o dobro do percurso das provas de que participa. Uma delas foi a Jungle Marathon, na Amazônia, quando fez 509 quilômetros de floresta, enquanto o percurso original era de 254 quilômetros. A especialidade dele passou a ser disputas com risco de morte, com altas temperaturas no deserto, frio na neve ou quase 100% de umidade na mata.
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- Tudo começou meio sem querer. Eu tinha 98 quilos há 13 anos. Era obeso e comecei a correr para perder peso, em provas de cinco, 10 quilômetros. Fechei a boca e perdi quase 30 quilos em 10 meses - relata sobre o início de tudo.
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Quem ouve ele contar que fugiu de onça, pisou em cobra e bebeu água de pântano no meio da Jungle Marathon custa a acreditar que os ultramaratonistas são pessoas que levam com responsabilidade o que fazem. Para completar, Márcio já foi visto correndo com um pneu amarrado à cintura - forma que encontrou de simular condições de percurso na neve, quando precisa levar um trenó com pertences.
- Essa é uma visão errada que as pessoas têm da gente, né? Treinamos e nos preparamos. Em maio vou tentar bater o recorde de sete dias em esteira. É de um francês, de 822 quilômetros. Já fiz eletro, exame de sangue. Está marcado teste de esforço. Faço certinho para estar 200% na hora da prova. Com responsabilidade, sem loucura - conta.
Tudo também com muita solidariedade. Márcio não ganha seu sustento correndo. Faz palestras motivacionais e vende artigos de corrida em uma loja virtual.
E está sempre participando de alguma prova que tenha uma causa maior. No dia 29, correrá 100 quilômetros pela Rei e Rainha do Mar, no Rio. Em troca, a organização paga o transplante de duas crianças. Cumpriu esse combinado seis vezes, o que permitiu a operação de outras 12. Também já fez 100 quilômetros em volta da Lagoa Rodrigo de Freitas, conseguindo 4,1 mil latas de leite em pó para o hospital do câncer.
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