Para quem vai aproveitar o verão em clubes e praias, um alerta especial: "Na água, todo cuidado é pouco!". Nestes meses, aumentam os casos de afogamentos. Portanto, algumas regras devem ser seguidas por pais e responsáveis.
No Brasil, o afogamento é a segunda causa de morte e a sétima de hospitalização, entre os acidentes, na faixa etária de um a 14 anos. Segundo o Ministério da Saúde, em 2010, 1.184 crianças de até 14 anos morreram vítimas de afogamentos, o que representa uma média diária de quase três óbitos. Se levado à escala mundial, a situação é alarmante. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 40 pessoas perdem a vida por afogamento a cada hora.
É importante salientar que os perigos não estão apenas em piscinas ou nas águas abertas, como mares e rios. Para uma criança que está começando a andar, alguns centímetros de água representam um grande risco. Diferentemente dos adultos, as partes mais pesadas do corpo da criança pequena são a cabeça e os membros superiores. Por isso, elas perdem facilmente o equilíbrio ao se inclinarem para frente e consequentemente podem se afogar em baldes ou vasos sanitários. O risco é maior do primeiro ao quarto ano; nessa faixa etária, a maioria dos acidentes acontecem em casa, e, na medida em que a criança cresce, o local de ocorrência passa a ser a piscina do clube ou a praia.
Ao contrário do que se imagina, o acidente acontece de forma silenciosa. A cena da vítima debatendo-se e gritando por socorro é pouco descrita por testemunhas de afogamentos. Para que o acidente aconteça, o tempo sem a supervisão de um adulto, em média, não ultrapassa cinco minutos. Os dois minutos de conversa ao telefone são suficientes para seu filho perder a consciência. E, uma vez ocorrido o afogamento, os segundos valem a vida.
As medidas preventivas atuam em conjunto. Como em qualquer acidente, o bloqueio ao acesso é essencial. A área de piscina deve estar cercada, em todos os lados, por uma grade de proteção - com mínimo de 1m50cm de altura e espaço entre grades menor ou igual a 12 centímetros -, sendo trancada por portões com trava de segurança. Só essa medida pode reduzir o risco em 75%.
As aulas de natação ajudam. As crianças devem aprender a nadar com instrutores qualificados ou em escolas de natação especializadas. Considera-se que crianças de zero a dois anos conseguem familiarização com a água, mas não há estudos que comprovem alguma proteção. Programas de natação e noções de segurança na água aplicados entre três e 14 anos em Bangladesh, Tailândia e Vietnã mostraram uma redução de 93% em afogamento fatal. Mesmo assim, a recomendação é de não superestimar a habilidade de crianças e adolescentes.
A Sociedade Brasileira de Pediatria orienta que crianças com menos de quatro anos usem sempre o colete salva-vidas, mesmo que já tenham alguma noção de natação. Boias e outros equipamentos infláveis passam uma falsa segurança, porque podem rasgar ou mesmo ser retirados.
Um adulto deve supervisionar de forma ativa e constante as crianças e os adolescentes, mesmo que saibam nadar ou que os lugares sejam considerados rasos. Não importa a idade da criança nem o tamanho da piscina.
É importante que, na piscina, tenha algum adulto capacitado para atendimento de primeiros socorros. O rápido atendimento é fundamental para o salvamento da criança que se afoga, pois a morte por asfixia pode ocorrer em apenas cinco minutos. Por isso, é importante que pais, responsáveis, educadores e outras pessoas que cuidam de crianças aprendam técnicas de reanimação cardiopulmonar. Tenha um telefone próximo e os números das emergências (SAMU: 192 e Corpo de Bombeiros: 193).
Resumindo: cerca na piscina, aulas de natação, supervisão responsável e acesso a socorro imediato são medidas que, em conjunto, trazem tranquilidade para aproveitar o verão.