Faz um calor pesado em Porto Alegre. Era segunda-feira e nem a temperatura que passou dos 35ºC impediu que o baile União faz a força estivesse cheio de gente na pista e nas mesas. Às 15h em ponto Zilma Cavalheiro, 78 anos, presidente do baile do primeiro dia útil da semana deu início à festa.
A maioria chega em par, seja com o companheiro seja com algum amigo. Chegam cedo. Antes mesmo das 15h, quase todas as mesas já estavam ocupadas, mas ninguém invadiu a pista antes da saudação inicial. Eles querem se divertir, mas há detalhes que podem ser encarados como desnecessários para os mais jovens, mas são essenciais para garantir que um baile seja melhor do que o outro.
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Dona Zilma agradece a todos pela presença, não precisa explicar as regras, eles sabem de cor. Quem tem menos de 60 precisa de autorização para participar do baile da terceira idade. Minutos antes da abertura oficial de cada baile, eles rezam e, então, a música começa.
- Sempre amei dançar. É divertido, exercita a alma. Há 20 anos, me aposentei e durante quatro meses fiquei em casa. Estava entrando em depressão porque não tinha o que fazer. Meu médico disse que o remédio era encontrar uma atividade, mas não algo que eu tivesse que "bater ponto", mas algo como um trabalho voluntário. Fui ao meu primeiro baile e adorei. No segundo, faltou uma pessoa que era responsável pela recepção e ajudei. Desde então sempre tenho uma tarefa no baile. Atualmente, sou presidente e comando toda a organização - conta Zilma.
Mais do que os bailes, a professora aposentada reúne os mais frequentes para passeios, jantares e excursões. Eles adoram.
- O processo de envelhecimento é, muitas vezes, associado a perdas. Sim, todos nós temos algumas perdas, biologicamente e socialmente falando, mas é responsabilidade de cada um cuidar para que o envelhecimento acontece de forma saudável ou avance rapidamente - explica a professora da Dança da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Aline Haas.
A dança na terceira idade é mais do que um exercício. Como atividade física, melhora o condicionamento, a respiração, faz o sangue circular de forma mais tranquila e dá mais qualidade para a saúde do coração.
- A dança também faz o corpo produzir mais hormônios, gerando bem-estar. O contato com o outro, seja seu próprio companheiro, seja os amigos antigos ou os novos conhecidos, é importantíssimo para a qualidade de vida da terceira idade. A socialização impede que problemas como a depressão apareçam.
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Maria Helena Garcia e Dorvalcindo Garcia chegaram ao baile arrumados e perfumados. não aparentam a idade que têm. Ela com 80 e ele 84 anos. Dizem que dançar rejuvenesce. Elegerem o baile de segunda como o predileto, se conheceram num deles. Ela o via bailando com diferentes moças a cada edição e esperava pelo dia em que a convidaria para a pista. Demorou três bailes e, depois desse, sempre chegam de mãos dadas. Casaram com o ideal de que, finalmente, seriam felizes para sempre.
Com o primeiro marido, Maria Helena não podia sair para dançar. Ele não gostava e ela não queria sair sozinha. Os três filhos aprenderam com ela a arte de bailar.
- Ensinei os meninos em casa porque não podia deixá-los crescer sem saber dançar. Queria que eles nunca negassem uma dança quando fossem mais velhos e hoje eles sempre convidam as esposas. Eu acho que casais que dançam são mais felizes.
Para Aline, o baile é uma atividade social que traz inúmeros benefícios para a terceira idade. As regras garantem a segurança de quem frequenta.
- A sensação de rejuvenescimento acontece porque, em geral, os mais velhos acreditam que amizades reportam à juventude. Além disso, a música também traz a ideia de jovialidade. O horário dos bailes da terceira idade acontecem cedo, lembram a infância e a dança trabalha a sensibilidade deles - explica a professora de dança.
Uma pesquisa realizada na Università Politecnica delle Marche, na Itália, mostrou que a dança atua diretamente na saúde do coração. O estudo dividiu os voluntários que sofriam de insuficiência cardíaca em dois grupos. Um passou a dançar e o outro se exercitava em bicicletas ou esteiras. Os resultados dos exames sobre o coração e a capacidade respiratória foram maiores em quem dançava.
Confira alguns bailes que acontecem no verão na Capital:
Segunda-feira
Das 15h às 19h
Baile União Faz a Força da Associação dos Sargentos, Subtententes e Tenentes da Brigada Militar
Rua Manoel Vitorino, 220, Partenon.
Terça-feira
Das 15h às 19h
Baile Chão de Estrelas da Associação dos Sargentos, Subtententes e Tenentes da Brigada Militar
Rua Manoel Vitorino, 220, Partenon.
Domingo
Das 15h às 20h
Baile da Maturidade do Grêmio Sargento Expedicionário Geraldo Santana
Rua Luiz de Camões 337, Santo Antônio