Longe de serem vilões, os complexos vitamínicos podem e devem ajudar muita gente, se usados da forma correta. Há alguns grupos, por exemplo, cuja suplementação é altamente recomendada. Entre eles, estão as pessoas que praticam dieta vegana, que não comem produtos de origem animal e necessitam fazer a reposição da vitamina B12. Às mulheres que planejam engravidar e às gestantes, a suplementação de ácido fólico (uma vitamina do complexo B) pode ser fundamental para a saúde da futura mãe e do feto. Aos idosos, pode ser indicada a reposição de algumas vitaminas pela dificuldade que apresentam de absorvê-las. Suplementos são muitas vezes indicados também para pacientes que se recuperam de cirurgias ou de doenças graves, por terem seus regimes normais prejudicados durante essa fase.
>>Uso indiscriminado de suplementos vitamínicos pode causar problemas que vão de cálculos renais a câncer
E há ainda uma vitamina que merece atenção especial, para pessoas de todas as idades. É a D, cuja falta não pode ser resolvida apenas com uma alimentação balanceada. Isso porque esse composto, para ser absorvido pelo corpo, necessita do efeito do sol, e a nossa exposição a ele está cada dia mais rara. Trancafiados em escritórios, salas e apartamentos, acabamos nos expondo poucos minutos por dia à luz natural, e o corpo não fica imune a isso. Estima-se que 1 bilhão de pessoas no mundo tenham deficiência dessa vitamina:
- A vitamina D tem como principal função o equilíbrio do cálcio no organismo. A sua deficiência leva a quadro de raquitismo. Para um organismo em crescimento, por exemplo, esse nutriente é essencial - explica a endocrinologista Cristiane Kopacek, membro do Comitê Científico de Endocrinologia da Sociedade Brasileira de Pediatria.
A especialista afirma que, atualmente, é recomendado que bebês façam uso de suplementação de vitamina D até os dois anos de vida. Além deles, a suplementação pode ser indicada para pessoas de diferentes idades, mesmo que saudáveis. Assim como para qualquer outra vitamina, a principal recomendação é, antes de correr para a farmácia, conversar com um especialista, que irá, pela observação de exames, apontar se você precisa ou não de um suplemento, e a quantidade correta que deve consumir.
Conheça os riscos do excesso e da deficiência de vitaminas no organismo:
Vitamina A
A deficiência dessa vitamina causa pele seca, cegueira noturna, degeneração da córnea, além de aumentar a suscetibilidade a infecções. Já o uso excessivo causa hipertensão intra-craniana, esfoliação da pele e acometimento do fígado. Também pode gerar queda de cabelo, dores ósseas e musculares, conjuntivite, aumento dos níveis de colesterol. O uso em altas doses no início da gestação pode causar malformação fetal.
Vitamina D
Sua falta causa modelação desordenada dos ossos, chamada de raquitismo na infância e de osteomalácia nos adultos, além de deformidades dos ossos e fraturas. Quantidades excessivas podem gerar aumento anormal do cálcio e do fosfato no sangue, resultando em calcificações no corpo, comprometimento dos rins e alterações mentais.
Vitamina C
A síndrome clássica de sua deficiência é o escorbuto, caracterizado por fadiga, depressão, inflamação das gengivas, manchas vermelhas no corpo, hemorragias, frisamento dos cabelos e pele seca. Nas crianças, causa defeito na formação óssea e no crescimento. Seu uso excessivo pode causar cálculos renais, diarreia e náuseas. Também pode alterar a dosagem do colesterol e da glicose no sangue.
Vitamina E
A pouca ingestão de vitamina E pode causar alterações na coagulação, distúrbios gastrintestinais, dor de cabeça crônica e supressão da imunidade, além de anemia hemolítica e degeneração de nervos. Doses elevadas podem aumentar o risco de hemorragia em cardiopatas que utilizam anticoagulantes.
Tiamina (B1)
Sua falta, quando pequena, causa irritação, fadiga e dor de cabeça. Quando mais acentuada, gera sintomas de neuropatias, disfunções cardiovasculares e cerebrais. Pode causar encefalopatia de Wernicke, doença que pode evoluir para alucinações, distúrbios da memória de curto prazo e confabulação. Sua reposição em excesso é eliminada pela urina.
Riboflavina (B2)
Sua deficiência causa vermelhidão, edema nasal, aftas, inflamação da língua, dermatite seborreica e anemia. Não há toxicidade relatada pelo excesso de consumo.
Niacina (B3)
A falta pode causar diarreia, demência, ansiedade, insônia e manchas escuras nas áreas da pele expostas ao sol. Também pode gerar inflamação da língua, aftas, vertigens e formigamentos. O seu uso em excesso causa rubor, aumento da glicose, distúrbios do fígado e aumento dos níveis de acido úrico.
Vitamina B6
Sua deficiência de moderada a grave pode causar aftas, inflamação da língua, irritabilidade, depressão, confusão mental e anemia. Também pode gerar convulsões em crianças. Doses excessivas, quando usadas por muito tempo, podem causar sensibilidade dos olhos à luz e dores nas extremidades.
Ácido fólico
A deficiência pode causar anemia, proliferação rápida da mucosa da boca, do estômago e do intestino, inflamação da língua e diarreia. A falta dessa vitamina nas gestantes pode causar malformação neurológica nos fetos. Seu uso excessivo pode gerar convulsões em pessoas predispostas.
Vitamina B12
A baixa ingestão é uma das causas de anemia e pode causar alterações neurológicas que incluem dores e formigamentos nas extremidades, cansaço excessivo, depressão e esquecimento. Doses excessivas não causam reações adversas.
Biotina
Sua deficiência é rara, mas pode causar alterações do estado mental, dores nos músculos, formigamentos, inapetência, queda de cabelo e dermatite seborreica. Não há descrição de dose tóxica.
Ácido pantotênico
Sua falta é rara. Causa fadiga, dor abdominal, vômitos, insônia, formigamentos de extremidades. Quando usado em doses elevadas pode causar diarreia.
Vitamina K
Sua deficiência é incomum, exceto em recém-nascidos, e pode gerar hemorragia. A sua suplementação pode interferir na ação de agentes anticoagulantes. Gestantes que consomem em excesso podem dar à luz a crianças com anemia hemolítica e icterícia (amarelão).