Após a liminar da Justiça gaúcha que proibiu a venda de determinados modelos de andadores infantis no Brasil, as lojas de artigos para crianças e bebês agora buscam se adequar à nova regra.
Em dois estabelecimentos do tipo visitados pela reportagem em Porto Alegre nesta terça, foi possível encontrar produtos do modelo e fabricantes proibidos. Na loja Zimba Baby & Kids, no bairro São Geraldo, estava disponível para venda o andador "Fórmula 1", da Divicar Móveis Ltda. Já na Picorrucho, no Centro, havia três modelos do tipo tradicional, em que a criança caminha sentada - alvo da liminar deferida pela juíza Lizandra Cericato Villarroel. Destes, um era fabricado pela Galzerano, uma das nove empresas atingidas pela decisão.
O proprietário da Zimba Baby & Kids, Giuliano Gomes, mostrou que a mercadoria vendida em sua loja tinha o selo do Inmetro e que, por isso, não retiraria o produto de vista por enquanto. Porém, o comerciante garante que não pretende mais adquirir andadores no atacado.
- Em nove anos aqui na loja, nunca vi o andador ser muito procurado pelos clientes. Para cada 50 carrinhos ou cadeirinhas de refeição vendidas, sai apenas um andador. Além disso, desde que saiu a matéria do Fantástico, o pessoal tem procurado ainda menos - relata o comerciante, referindo-se à reportagem sobre o tema veiculada pelo programa dominical da Rede Globo em agosto passado.
Por outro lado, a gerente da loja Picorrucho da Avenida Voluntários da Pátria, Débora Palharini, afirma que a empresa não pretende interromper a comercialização dos andadores, mas não comprará mais aqueles fabricados pela fornecedora Galzerano. Mesmo assim, os produtos da referida fabricante continuarão nas prateleiras até que todos sejam vendidos.
- Esta decisão certamente terá impacto em nossa loja. Vendemos em média de dois a três andadores por dia. Como é um produto de valor agregado maior, em comparação às roupas, por exemplo, ele compõe uma parcela relevante da renda da empresa - explica a funcionária.
Entre os pais entrevistados, a rejeição aos andadores é unânime. O empresário Roberto Santos, pai de uma menina de um ano de idade, relata que jamais pensou em adquirir o produto para a filha.
- Não é legal, porque a criança caminha com muita dificuldade no andador. Além disso, é perigoso, porque no andador o bebê fica com as mãos livres e pode acabar encostando em tomada, fogão. Criança vai sempre no que não pode. Também tem o risco de cair de uma escada, já que, por causa do andador, acho que aumenta a chance de os pais descuidarem um pouco dos filhos - opina Roberto.
Foi o que aconteceu com o filho de Taís Cardoso Gomes, hoje com dois anos de idade. Ele usou o andador durante cerca de sete meses, até se machucar em um acidente.
- Ele estava no andador, com a minha mãe. Quando ele se aproximou do degrau da porta de casa, que dá para a rua, ele caiu e bateu a cabeça. Ficou só com um roxinho na testa, mas o susto foi grande - conta Taís, que não aconselha que outros pais comprem o produto.
- Não recomendo, por causa dos acidentes. É normal a criança cair, mas, com o andador, pode se machucar bem mais - completa.