A sensação, inicialmente, é de tensão. No começo bateu um nervosismo, por mais que eu soubesse estar presa à corda de segurança. Por não estar acostumada, precisei fazer uma força que nem sabia que tinha. E mesmo que por apenas alguns segundos, cheguei a questionar o que aconteceria caso a corda não estivesse bem presa.
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Mas com a orientação de quem está lá embaixo, o caminho da rocha começa a ser trilhado e eu fui, aos poucos, degustando o sabor viciante da adrenalina. O impulso nos braços e pernas, a posição correta das mãos e pés e a respiração são os aspectos que você tem de observar para encontrar o equilíbrio.
Se você é iniciante e quer se aventurar na rocha, o mais indicado é que procure uma associação ou clube de escalada perto de onde mora. A maioria tem ou uma área de treino (indoor ou não) ou promove atividades periódicas de escalada. Assim, o novato pode escalar de forma tranquila e segura. Quem pratica há mais tempo recomenda fazer uma experiência indoor e outra na natureza junto a escaladores de uma associação, pois eles possuem equipamentos e experiência em relação à segurança e à técnica.
Na semana passada, contatei a Federação Gaúcha de Montanhismo (FGM). Felipe Giuriatti, 30 anos, e o casal Ricardo Reis, 29, e Carina Korb, 34, que são vice-presidente e tesoureira da FGM, toparam na hora acompanhar a equipe da reportagem do caderno Vida e do blog Todas as Direções para que conhecêssemos um tanto do esporte. Em um domingo pela manhã, rumamos a Monte Belo do Sul - cidade da serra próxima a Bento Gonçalves e a cerca de 160 quilômetros da Capital - e, com a segurança garantida por eles, experimentamos subir uma rocha para "iniciantes".
Além de dar condicionamento físico básico, a escalada ajuda a melhorar a dor nas costas, alonga o corpo e relaxa a mente. Mas é bom ficar atento para os requisitos: se você tiver problemas cardíacos, deve tomar cuidados extras, já que os picos de adrenalina podem ser um problema. Epilepsia, labirintite e pânico de altura também merecem especial atenção, adverte Guilherme Rocha, instrutor de escalada em Santa Maria.
Estar nas alturas transmite uma estranha sensação de conquista, porque ninguém te leva até lá, é você mesmo que chega com o próprio esforço. Embora o desempenho varie de acordo com o preparo físico de cada um, escalar tem muito a ver com o estado psicológico: é preciso se manter calmo, sem medo da altura e confiante na equipe que te dá suporte. O tempo para aprender, segundo Felipe, fotógrafo que escala há quase 10 anos, varia de acordo com o estilo que você pratica:
- Na escalada esportiva, pode levar 10 minutos para fazer uma via de iniciante. Já a tradicional pode levar de duas horas até dois dias. E a de alta montanha pode levar semanas, até meses. O tempo necessário para aprender depende.
Para adaptar-se ao paredão, um curso com carga horária de 30 a 40 horas vai ensinar o suficiente para ser um praticante iniciante. Mas não desanime se, no dia seguinte, após o primeiro contato com a atividade, você acordar com algumas dores nas pernas, no peitoral, nos braços, nos ombros e nas costas. É um sinal do corpo de que você superou limites, e quando a dor é antecedida do prazer da aventura e do contato com a natureza, é quase sempre uma dor recompensadora.