Conviver é desafio diário e, ao mesmo tempo, fonte de prazer. E muitos porto-alegrenses buscam o equilíbrio entre a calmaria da solidão e o entusiasmo do convívio da mesma forma: morando sozinhos. É o que apontam os dados do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que coloca Porto Alegre como a capital com o maior índice de domicílios com apenas um morador, caso de 21,6% das moradias.
A tendência dos lares solitários é nacional: o número aumentou de 8,6% para 12,1% na última década no país. E o Rio Grande do Sul ainda abriga outro fenômeno: a pequena Herval, no Sul, lidera o ranking nacional de pessoas que moram sozinhas, com 26,6% dos domicílios.
O só também pode ser bem acompanhado
O alto índice de porto-alegrenses morando sozinhos não significa que somos uma metrópole de solitários. Momentos de solidão são fundamentais para o autoconhecimento e para viver com mais qualidade os momentos de interação social.
- Estar só também é importante. Quem mora sozinho tem a oportunidade de construir um mundo só seu, de aprender a não viver somente com a aprovação do outro e a se sentir bem com a sua própria companhia - avalia a psicanalista Rose Maria de Oliveira Paim.
A capacidade de ficar só deve ser, inclusive, exercitada. Conviver consigo mesmo com tranquilidade é um desafio que, quando alcançado, garante liberdade e bem-estar.
- Desde que não seja uma necessidade permanente, a solidão não é um problema. Ter uma boa convivência consigo mesmo traz qualidade de vida, é uma capacidade que começa lá na infância. Uma criança que consegue brincar sozinha atinge um estágio de desenvolvimento maior da sua liberdade por toda a vida - observa o psiquiatra e psicanalista Alfredo Cataldo Neto.
Mas se estar sozinho pode ser saudável, permanecer em completa solidão não é. Uma pessoa isolada socialmente tem tendência à depressão e pode até mesmo adoecer. Por natureza, o ser humano precisa do outro para entender a si próprio.
- O convívio permite o crescimento, a descoberta de si mesmo e o aprendizado para lidar com a negação. É em referência ao outro que me estruturo. É uma questão de sobrevivência emocional - ressalta Rose.
Relacionar-se com pessoas de diferentes personalidades possibilita a troca de objetivos, afeto, amor e experiências. Saber aproveitar bons momentos de convivência e investir em tolerância é eficiente caminho para o bem-estar. Morando só ou bem acompanhado.