Ser escolhido como o objeto de bullying por um irmão ou irmã pode ser prejudicial para a saúde mental de uma criança ou adolescente. O alerta vem de um estudo publicado no Pediatrics.
Segundo os pesquisadores, enquanto o bullying pelos colegas é um problema reconhecido socialmente, a intimidação por parte de irmãos, muitas vezes, é julgada "normal" ou "aceitável". Para chegar a essa conclusão, foram entrevistados, através de cerca de 3.500 telefonemas, crianças e adolescentes entre 10 e 17 anos e cuidadores ou pais de crianças de até nove anos.
Foram avaliados o alcance e a extensão da injúria vivida pelos entrevistados, registrando medidas como a agressão física e lesão com ou sem arma de fogo; roubo, empregando força ou não; quebrar os pertences de propósito, e dizer coisas que façam a criança se sentir mal, com medo ou não querida por perto.
Os resultados mostraram, também, que a agressão sofrida pelos irmãos foi associada com a saúde mental significativamente pior de crianças e adolescentes. O estresse foi evidente naqueles que experimentaram agressões leves e graves. Segundo o pediatra Moises Chencinski, os dados também mostraram que, quando se comparam as agressões de terceiros com a de irmãos, a desses provoca um maior sofrimento mental.
Segundo os autores, os pais devem tratar a agressão entre parentes como potencialmente prejudicial, e não rejeitá-la, taxando-a de "normal", "menor" ou até mesmo benéfica.
Como lidar com o problema em casa
- Se você sabe que seu filho está intimidando o outro, você precisa levar esta questão a sério - afirma Chencinski.
De acordo com o pediatra, o ideal é que a intervenção no comportamento do filho seja feita o mais rápido possível. Se adiada, os agentes causadores do bullying só tendem a piorar, o que pode fazer com que essas crianças, quando se tornam adultas, sejam muito menos bem sucedidas no trabalho e na vida familiar.
Veja algumas dicas para ajudar os pais a lidarem com essa questão
- Sempre converse com seus filhos, desde cedo, a respeito do assunto. A orientação sobre o bullying, sofrido ou executado, deve fazer parte da "educação formal e informal", tanto em casa quanto na escola. Só assim, uma criança terá bases para não agredir e para saber se defender ou indicar aos pais e professores que está sendo vítima de bullying, sem medo de sofrer represálias
- Defina firmes e consistentes limites sobre o comportamento agressivo do seu filho. Tenha certeza que ele compreende bem que o bullying nunca é aceitável
- Seja um modelo positivo. As crianças precisam desenvolver estratégias novas e construtivas para conseguirem o que querem, sem provocações, sem ameaças e sem ferir ninguém.
- Discipline o seu filho através da conversa. Uma forma eficaz é fazer com que ele perda os privilégios. Se o seu filho precisa de disciplina, explique porque o comportamento foi errado e como ele pode mudar isso
- Ajude seu filho a compreender como o assédio moral fere outras crianças, dando exemplos reais dos bons e maus resultados das ações dele
- Desenvolva soluções práticas com o apoio de outros. Envolva o diretor da escola, os professores, a babá e os outros parentes em maneiras positivas para parar o bullying