Quase 70% das pessoas preferem abrir mão de 10 anos de vida a perder a visão. Mesmo assim, menos de um terço destes vão ao oftalmologista na frequência necessária, segundo dados da pesquisa do KRC Research feita em 11 países, incluindo o Brasil.
A pesquisa revela que 44% dos ouvidos acreditam que não precisam de exame oftalmológico a menos que haja um problema, e 42% entendem que, se podem ver, é porque os olhos estão saudáveis. O problema é que algumas disfunções oculares se desenvolvem de forma "silenciosa". Isso significa que muitas pessoas, quando buscam atendimento, já estão com a doença em estágio avançado.
O que a maioria das pessoas não sabe, é que o essencial é fazer um check-up oftalmológico pelo menos uma vez por ano. Embora 68% dos entrevistados afirmem que estão bem informados sobre saúde ocular, apenas 21% fizeram exames oftalmológicos regulares ao longo dos últimos cinco anos.
Segundo o Dr. Adamo Lui Netto, membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e consultor da ZEISS - multinacional em lentes -, a consulta deve ser realizada ainda na maternidade, para que doenças congênitas ou hereditárias possam ser detectadas e corrigidas. Já durante a infância, a adolescência e a fase adulta, o recomendado é fazer o exame anualmente.
De acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, até 75% dos casos de cegueira resultam em causas previsíveis ou tratáveis. Por esse motivo, é preciso atenção máxima com a saúde dos olhos em todas as fases da vida, desde crianças até os idosos.
A qualidade da visão do brasileiro
A pesquisa do KRC Research concluiu, também, que cerca de 35,8 milhões de pessoas no Brasil têm dificuldade, ainda que leve, para enxergar. Outras 6,6 milhões têm deficiência visual severa e 582 mil são cegas. Entre as principais causas de cegueira estão catarata (47%), glaucoma (12%), Degeneração Macular Relacionada à Idade - DMRI (9%), além de outras doenças importantes como ceratocone e retinopatia diabética.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) estimam, ainda, que cerca de 246 milhões de brasileiros tenham baixa visão (grave ou moderada) e 50 milhões sofram de algum tipo de distúrbio. A conclusão é de que 60% dos casos de cegueira e deficiência visual poderiam ser evitados, caso o indivíduo tivesse buscado tratamento a tempo. Esses dados corroboram a percepção dos oftalmologistas (97%) de que as pessoas se preocupam profundamente com a sua visão, mas ainda assim não agem preventivamente.
De acordo com Netto, os sintomas mais comuns que levam à procura do médico são diminuição da acuidade visual para longe ou perto, cansaço e dores de cabeça. Ele alerta também para as ameaças que estão nas atividades diárias, como a redução de piscadas por minuto, comum de quem passa muito tempo em frente ao computador.
- Um agravante para esse caso é a permanência prolongada nos espaços com ar condicionado, que resseca o ambiente e dá a sensação de olho seco - frisa.
A dica do médico para melhorar os sintomas é a cada período de aproximadamente uma hora, dar um descanso para o olho e lavá-lo com água filtrada fria.
- Caso a pessoa não utilize os óculos quando preciso pode trazer consequências como diminuição da acuidade visual, cansaço visual, cefaleia e mal-estar geral, inclusive com indisposição gástrica. Por essa razão, a utilização de óculos ou outro tipo de correção óptica é imprescindível e obrigatória - conclui o oftalmologista.
Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO) e consultor do Instituto Varilux da Visão, Dr. Marcus Sáfady, para evitar problemas com os olhos e para se precaver contra a cegueira é fundamental visitar o oftalmologista frequentemente.
- A falta de prevenção, de acompanhamento e até mesmo de correção do distúrbio visual podem prejudicar seriamente a saúde dos olhos - afirma Sáfady.
De acordo com Sáfady, a baixa visão pode ocasionar, além de baixo rendimento escolar, sérios impactos na vida social e profissional de adultos e idosos, como por exemplo, perda da produtividade no ambiente profissional, dificuldade de se relacionar, de dirigir e aumento no número de acidentes.
Os efeitos da tecnologia
Nosso dia a dia é mediado por diversas tecnologias que afetam a visão, como computadores, celulares, tablets etc. De acordo com Sáfady, é um mito dizer que essas tecnologias fazem mal à visão.
- O que acontece é que os olhos humanos não estão preparados para tanto esforço de perto. As novas tecnologias nos fazem ler muito mais do que em qualquer outra época, com letras e contrastes maiores ou menores. Esse maior esforço da visão gera o que chamamos de síndrome do esforço ergonômico - explica.
Ele acrescenta que, para amenizar o problema é importante seguir as orientações do oftalmologista, o qual indicará algumas regras para o trabalho de perto e também lentes multifocais (lentes para óculos) que ajudarão a aliviar os sintomas de cansaço e ardência nos olhos.
Principais problemas oculares
Glaucoma
Provoca lesão no nervo óptico e campo visual, podendo levar à cegueira. Por isso, o exame oftalmológico anual, preventivo, é fundamental para detecção e tratamento precoce. Em geral, o tratamento é realizado por meio de colírios. Entretanto, caso não apresente resultados satisfatórios, a cirurgia torna-se uma opção. O glaucoma pode ser congênito, secundário e crônico.
Catarata
Trata-se da opacificação do cristalino, que compromete a entrada de luz nos olhos. A doença pode causar desde pequenas distorções visuais até cegueira. Segundo a OMS, existem 18 milhões de cegos por catarata no mundo - estima-se que no Brasil sejam 350 mil. Já a catarata congênita, aquela de nascença, está presente em 0,4% dos nascimentos e ocasiona cegueira em cerca de 200.000 crianças no mundo. Estima-se que no Brasil ela seja responsável por cerca de 5,5% a 12% dos casos de deficiência visual e a principal causa de cegueira na América Latina, afirma Liana Ventura, diretora da Sociedade Brasileira de Catarata e Implantes Intraoculares (SBCII).
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